MENSAGEM O TOQUE DA TROMBETA - DIACONO DEVALDO
FONTE: ADVIR
O Apocalipse foi primeiramente escrito para os Cristãos que viviam em sete cidades na Ásia Menor (Apoc.1:4), no que atualmente é a Turquia. O livro foi escrito por João, o apóstolo de Jesus e discípulo amado, que teve visões na ilha de Patmos, no final do primeiro século D.C..Embora o livro fale sobre previsões do futuro, João também o escreveu para ajudar os cristãos que moravam nessas cidades. Conhecer mais sobre essas cidades pode ajudar a fazer as mensagens dos capítulos 1 a 3 do Apocalipse serem mais vívidas e aprendermos como era a vida em Corinto, Filipos e outros lugares que também são mencionados nas cartas de Paulo. Esse passeio pelas sete cidades tem como objetivo abrir as portas para uma viagem ao passado, tempo em que o livro do Apocalipse foi escrito.
JOÃO
Apocalipse 1:9-11
9 Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
10 Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,
11 que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia.
Patmos
Atos dos Apostolos - Pág. 568
Mais de meio século havia passado desde a organização da igreja cristã. Durante esse tempo a mensagem do evangelho tinha sofrido constante oposição. Seus inimigos jamais afrouxaram os esforços, e afinal alcançaram êxito em arregimentar o poder do imperador romano contra os cristãos.
Na terrível perseguição que se seguiu, o apóstolo João muito fez para confirmar e fortalecer a fé dos crentes. Ele deu um testemunho que seus adversários não puderam controverter, e que ajudou seus irmãos a enfrentar com lealdade e coragem as provas que lhes sobrevieram. Quando a fé dos cristãos lhes parecia vacilar sob a feroz oposição que eram forçados a enfrentar, o velho e provado servo de Jesus lhes repetia com poder e eloqüência a história do Salvador crucificado e ressurgido. Mantinha firmemente a fé, e de seus lábios brotava sempre a mesma alegre mensagem: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida... o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos." I João 1:1-3.
João alcançou avançada idade. Testemunhou a destruição de Jerusalém e a ruína do majestoso templo. Último sobrevivente dos discípulos que haviam privado intimamente com o Salvador, sua mensagem teve grande influência em estabelecer o fato de que Jesus é o Messias, o Redentor do mundo. Ninguém poderia duvidar de sua sinceridade, e através de seus ensinos muitos foram levados a deixar a incredulidade.
Os príncipes dos judeus encheram-se de ódio atroz contra João por sua inamovível fidelidade à causa de Cristo. Declararam que de nada valeriam seus esforços contra os cristãos enquanto o testemunho de João soasse aos ouvidos do povo. Para que os milagres e ensinos de Cristo fossem esquecidos, a voz da ousada testemunha teria de ser silenciada.
João foi por conseguinte convocado a Roma para ser julgado por sua fé. Aqui perante as autoridades, as doutrinas do apóstolo foram deturpadas. Falsas testemunhas acusaram-no de ensinar sediciosas heresias. Por essas acusações esperavam seus inimigos levar em breve o discípulo à morte.
João respondeu por si de maneira clara e convincente, e com tal simplicidade e candura que suas palavras tiveram efeito poderoso. Seus ouvintes ficaram atônitos com sua sabedoria e eloqüência. Porém, quanto mais convincente seu testemunho, mais profundo era o ódio de seus opositores. O imperador Domiciano estava cheio de ira. Não podia contrafazer as razões do fiel advogado de Cristo, nem disputar o poder que lhe acompanhava a exposição da verdade; determinou, contudo, fazer silenciar sua voz.
João foi lançado dentro de um caldeirão de óleo fervente; mas o Senhor preservou a vida de Seu fiel servo, da mesma maneira como preservara a dos três hebreus na fornalha ardente. Ao serem pronunciadas as palavras: Assim pereçam todos os que crêem nesse enganador, Jesus Cristo de Nazaré, João declarou: Meu Mestre Se submeteu pacientemente a tudo quanto Satanás e seus anjos puderam inventar para humilhá-Lo e torturá-Lo. Ele deu a vida para salvar o mundo. Considero uma honra o ser-me permitido sofrer por Seu amor. Sou um homem pecador e fraco. Cristo era santo, inocente, incontaminado. Não pecou nem se achou engano em Sua boca.
Estas palavras exerceram sua influência, e João foi retirado do caldeirão pelos mesmos homens que ali o haviam lançado.
De novo a mão da perseguição caiu pesadamente sobre o apóstolo. Por decreto do imperador foi João banido para a ilha de Patmos, condenado "por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo". Apoc. 1:9. Aqui, pensavam seus inimigos, sua influência não mais seria sentida, e ele morreria, afinal, pelas privações e sofrimentos.
Patmos, uma ilha árida e rochosa no mar Egeu, havia sido escolhida pelo governo romano para banimento de criminosos; mas para o servo de Deus sua solitária habitação tornou-se a porta do Céu. Aqui, afastado das cansativas cenas da vida, e dos ativos labores dos primeiros anos, ele teve a companhia de Deus, de Cristo e dos anjos celestiais, e deles recebeu instrução para a igreja por todo o tempo futuro. Os eventos que teriam lugar nas cenas finais da história deste mundo foram esboçados perante ele; e ali escreveu as visões recebidas de Deus. Quando sua voz não mais podia testificar dAquele a quem amara e servira, as mensagens que foram dadas nessa costa desolada deviam avançar como uma lâmpada que arde, declarando o seguro propósito do Senhor concernente a cada nação da Terra.
Entre as rochas e recifes de Patmos, João manteve comunhão com seu Criador. Recapitulou sua vida passada, e ao pensamento das bênçãos que havia recebido, a paz encheu-lhe o coração. Ele vivera a vida de um cristão, e pudera dizer com fé: "Sabemos que passamos da morte para a vida." I João 3:14. Não assim o imperador que o banira. Este olharia para trás e encontraria apenas campos de batalha e carnificina, lares desolados, lágrimas de órfãos e viúvas, o fruto de seu ambicioso desejo de proeminência.
Em seu isolado lar, João estava habilitado a estudar mais intimamente do que nunca as manifestações do poder divino como reveladas no livro da natureza e nas Páginas da Inspiração. Era para ele um deleite meditar sobre a obra da criação, e adorar o divino Arquiteto. Em anos anteriores seus olhos tinham-se deleitado na contemplação dos morros cobertos de florestas, dos verdes vales e frutíferas planícies; e nas belezas da natureza sempre se deleitara em considerar a sabedoria e habilidade do Criador. Agora estava circundado por cenas que poderiam parecer a muitos melancólicas e desinteressantes; mas para João representavam outra coisa. Embora o cenário que o rodeava fosse desolado e árido, o céu azul que o
cobria era tão luminoso e belo como o céu de sua amada Jerusalém. Nas rochas rudes, e ermos, nos mistérios dos abismos, nas glórias do firmamento lia ele importantes lições. Tudo trazia mensagem do poder e glória de Deus.
Em tudo ao seu redor via o apóstolo testemunhas do dilúvio que inundara a Terra porque seus habitantes se aventuraram a transgredir a lei de Deus. As rochas que irromperam da Terra e do grande abismo pelo irromper das águas, traziam-lhe vividamente ao espírito os terrores daquele terrível derramamento da ira de Deus. Na voz de muitas águas - abismo chamando abismo - o profeta ouvia a voz do Criador. O mar, açoitado pela fúria de impiedosos ventos, representava para ele a ira de um Deus ofendido. As poderosas ondas, em sua terrível comoção, mantidas em seus limites por mão invisível, falavam do controle de um poder infinito. E em contraste considerava a fraqueza e futilidade dos mortais que, embora vermes do pó, gloriam-se em sua suposta sabedoria e força, e colocam o coração contra o Governador do Universo, como se Deus fosse igual a eles. As rochas lhe lembravam Cristo, a Rocha de sua fortaleza, em cujo abrigo podia ele refugiar-se sem temor. Do exilado apóstolo sobre o rochedo de Patmos subiam para Deus os mais ardentes anseios de alma, as mais ferventes orações.
A história de João fornece uma vívida ilustração de como Deus pode usar obreiros idosos. Quando João foi exilado para a ilha de Patmos, havia muitos que o consideravam como tendo passado do tempo de serviço, um caniço velho e quebrado, pronto para cair a qualquer momento. Mas o Senhor achou próprio usá-lo ainda. Embora banido das cenas de seus primeiros labores, ele não cessou de dar testemunho da verdade. Mesmo em Patmos fez amigos e conversos. Sua mensagem era de alegria, proclamava um Salvador ressurreto, que no Céu intercedia por Seu povo até que pudesse retornar e tomá-lo para Si mesmo. E foi depois de haver João encanecido na obra de seu Senhor que ele recebeu do Céu mais comunicações que durante todos os anos anteriores de sua vida.
A mais terna consideração deve ser dispensada a todos aqueles cujos interesses da vida estiveram ligados com a obra de Deus. Esses obreiros idosos têm permanecido fiéis em meio a tempestades e provas. Podem ter enfermidades, mas possuem ainda talentos que os qualificam para permanecer em seu lugar na causa de Deus. Embora gastos, incapazes de levar os encargos mais pesados que os mais jovens podem e devem levar, seus conselhos são do mais alto valor.
Podem eles ter cometido erros, mas de suas falhas aprenderam a evitar erros e perigos; e não são ainda assim competentes para dar sábios conselhos? Suportaram provas e aflições, e embora tenham perdido parte de seu vigor, o Senhor não os põe de lado. Ele lhes dá especial graça e sabedoria.
Os que serviram seu Mestre quando a obra era difícil, que suportaram a pobreza e permaneceram fiéis quando poucos havia ao lado da verdade, devem ser honrados e respeitados. O Senhor deseja que os obreiros mais jovens ganhem sabedoria, fortaleza e maturidade pela associação com esses homens fiéis. Que os homens mais jovens sintam que ter entre eles tais obreiros lhes representa um alto favor. Dêem-lhes um lugar de honra em seus concílios.
Quando os que despenderam sua vida no serviço de Cristo se aproximam do fim de seu ministério terrestre, são impressionados pelo Espírito Santo a referir as experiências que tiveram em relação com a obra de Deus. O relato de Seu maravilhoso trato com Seu povo, de Sua grande bondade em livrá-lo das provas, deveria ser repetido aos recém-vindos à fé. Deus deseja que os velhos e provados obreiros permaneçam em seus lugares, fazendo sua parte para livrar a homens e mulheres de serem varridos pela poderosa corrente do mal, e deseja que conservem a armadura até que lhes ordene depô-la.
Na experiência do apóstolo João sob a perseguição, há para o cristão uma lição de maravilhosa fortaleza e conforto. Deus não impede a trama dos ímpios, mas faz que suas armadilhas contribuam para o bem daqueles que em prova e conflito mantêm sua fé e lealdade. Não raro o obreiro do evangelho efetua sua obra em meio a tempestades de perseguições, oposição atroz e acusações injustas. Em tais ocasiões lembre-se ele de que a experiência por alcançar na fornalha da prova e da aflição paga todas as penas de seu preço. Assim traz Deus Seus filhos próximo de Si, para que lhes possa mostrar Sua fortaleza e a fraqueza deles. Ele os ensina a arrimarem-se nEle. Dessa forma prepara-os para enfrentar as emergências, ocupar posições de responsabilidades e realizar o grande propósito para o que lhes foram dadas as faculdades.
Em todas as épocas as testemunhas designadas por Deus se têm exposto às perseguições e ao desprezo por amor à verdade. José foi caluniado e perseguido por haver preservado sua virtude e integridade. Davi, o mensageiro escolhido de Deus, foi caçado como um animal feroz por seus inimigos. Daniel foi lançado na cova dos leões por ser leal a sua aliança com o Céu. Jó foi privado de suas posses terrestres e ferido no corpo de tal maneira que o desprezaram os próprios parentes e amigos; contudo manteve sua integridade. Jeremias não pôde ser impedido de falar as palavras que Deus lhe ordenara; e seu testemunho de tal maneira enfureceu o rei e os príncipes que o atiraram num poço asqueroso. Estêvão foi apedrejado por haver pregado a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi encarcerado, açoitado, apedrejado e finalmente entregue à morte por ter sido fiel mensageiro de Deus aos gentios. E João foi banido para a ilha de Patmos "por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo".
Esses exemplos de humana firmeza dão testemunho da fidelidade das promessas de Deus - de Sua permanente presença e mantenedora graça. Testificam do poder da fé para enfrentar os poderes do mundo. É obra de fé repousar em Deus na hora mais escura, sentir, embora dolorosamente provado e sacudido pela tempestade, que nosso Pai está ao leme. Somente os olhos da fé podem ver para além das coisas temporais e apreciar com acerto o valor das riquezas eternas.
Jesus não oferece a Seus seguidores a esperança de alcançar glórias e riquezas terrestres, de viver uma vida livre de provações. Ao contrário, chama-os para segui-Lo no caminho da abnegação e ignomínia. Aquele que veio para redimir o mundo sofreu a oposição das arregimentadas forças do mal. Numa impiedosa confederação, homens e anjos maus se aliaram contra o Príncipe da paz. Cada um de Seus atos e palavras revelava divina compaixão, e Sua inconformidade com o mundo provocou a mais acérrima hostilidade.
Assim será com todos os que se dispuserem a viver piamente em Cristo Jesus. A perseguição e o descrédito esperam todos os que se imbuírem do Espírito de Cristo. O caráter da perseguição muda com o tempo, mas o princípio - o espírito que a anima - é o mesmo que tem dado a morte aos escolhidos do Senhor desde os dias de Abel.
Em todos os séculos Satanás tem perseguido o povo de Deus. Tem-no torturado e lhe dado a morte, porém tornaram-se eles conquistadores ao morrer. Deram testemunho do poder de Alguém que é mais forte que Satanás. Podem os ímpios torturar e matar o corpo, mas não podem tocar na vida que está escondida com Cristo em Deus. Podem encerrar homens e mulheres nas prisões, mas não lhes podem encerrar o espírito.
Mediante provas e perseguições, a glória - o caráter - de Deus se revela em Seus escolhidos. Os crentes em Cristo, odiados e perseguidos pelo mundo, são educados e disciplinados na escola de Cristo. Na Terra andam em veredas estreitas; são purificados na fornalha da aflição.
Seguem a Cristo através de penosos conflitos; suportam a abnegação e passam por amargos desapontamentos; mas deste modo aprendem o que significam a culpa e os ais do pecado, e olham para ele com repulsa. Tendo sido participantes das aflições de Cristo, podem contemplar a glória além da obscuridade, dizendo: "Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." Rom. 8:18.
Atos dos Apostolos - Pág. 568
Mais de meio século havia passado desde a organização da igreja cristã. Durante esse tempo a mensagem do evangelho tinha sofrido constante oposição. Seus inimigos jamais afrouxaram os esforços, e afinal alcançaram êxito em arregimentar o poder do imperador romano contra os cristãos.
Na terrível perseguição que se seguiu, o apóstolo João muito fez para confirmar e fortalecer a fé dos crentes. Ele deu um testemunho que seus adversários não puderam controverter, e que ajudou seus irmãos a enfrentar com lealdade e coragem as provas que lhes sobrevieram. Quando a fé dos cristãos lhes parecia vacilar sob a feroz oposição que eram forçados a enfrentar, o velho e provado servo de Jesus lhes repetia com poder e eloqüência a história do Salvador crucificado e ressurgido. Mantinha firmemente a fé, e de seus lábios brotava sempre a mesma alegre mensagem: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida... o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos." I João 1:1-3.
João alcançou avançada idade. Testemunhou a destruição de Jerusalém e a ruína do majestoso templo. Último sobrevivente dos discípulos que haviam privado intimamente com o Salvador, sua mensagem teve grande influência em estabelecer o fato de que Jesus é o Messias, o Redentor do mundo. Ninguém poderia duvidar de sua sinceridade, e através de seus ensinos muitos foram levados a deixar a incredulidade.
Os príncipes dos judeus encheram-se de ódio atroz contra João por sua inamovível fidelidade à causa de Cristo. Declararam que de nada valeriam seus esforços contra os cristãos enquanto o testemunho de João soasse aos ouvidos do povo. Para que os milagres e ensinos de Cristo fossem esquecidos, a voz da ousada testemunha teria de ser silenciada.
João foi por conseguinte convocado a Roma para ser julgado por sua fé. Aqui perante as autoridades, as doutrinas do apóstolo foram deturpadas. Falsas testemunhas acusaram-no de ensinar sediciosas heresias. Por essas acusações esperavam seus inimigos levar em breve o discípulo à morte.
João respondeu por si de maneira clara e convincente, e com tal simplicidade e candura que suas palavras tiveram efeito poderoso. Seus ouvintes ficaram atônitos com sua sabedoria e eloqüência. Porém, quanto mais convincente seu testemunho, mais profundo era o ódio de seus opositores. O imperador Domiciano estava cheio de ira. Não podia contrafazer as razões do fiel advogado de Cristo, nem disputar o poder que lhe acompanhava a exposição da verdade; determinou, contudo, fazer silenciar sua voz.
João foi lançado dentro de um caldeirão de óleo fervente; mas o Senhor preservou a vida de Seu fiel servo, da mesma maneira como preservara a dos três hebreus na fornalha ardente. Ao serem pronunciadas as palavras: Assim pereçam todos os que crêem nesse enganador, Jesus Cristo de Nazaré, João declarou: Meu Mestre Se submeteu pacientemente a tudo quanto Satanás e seus anjos puderam inventar para humilhá-Lo e torturá-Lo. Ele deu a vida para salvar o mundo. Considero uma honra o ser-me permitido sofrer por Seu amor. Sou um homem pecador e fraco. Cristo era santo, inocente, incontaminado. Não pecou nem se achou engano em Sua boca.
Estas palavras exerceram sua influência, e João foi retirado do caldeirão pelos mesmos homens que ali o haviam lançado.
De novo a mão da perseguição caiu pesadamente sobre o apóstolo. Por decreto do imperador foi João banido para a ilha de Patmos, condenado "por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo". Apoc. 1:9. Aqui, pensavam seus inimigos, sua influência não mais seria sentida, e ele morreria, afinal, pelas privações e sofrimentos.
Patmos, uma ilha árida e rochosa no mar Egeu, havia sido escolhida pelo governo romano para banimento de criminosos; mas para o servo de Deus sua solitária habitação tornou-se a porta do Céu. Aqui, afastado das cansativas cenas da vida, e dos ativos labores dos primeiros anos, ele teve a companhia de Deus, de Cristo e dos anjos celestiais, e deles recebeu instrução para a igreja por todo o tempo futuro. Os eventos que teriam lugar nas cenas finais da história deste mundo foram esboçados perante ele; e ali escreveu as visões recebidas de Deus. Quando sua voz não mais podia testificar dAquele a quem amara e servira, as mensagens que foram dadas nessa costa desolada deviam avançar como uma lâmpada que arde, declarando o seguro propósito do Senhor concernente a cada nação da Terra.
Entre as rochas e recifes de Patmos, João manteve comunhão com seu Criador. Recapitulou sua vida passada, e ao pensamento das bênçãos que havia recebido, a paz encheu-lhe o coração. Ele vivera a vida de um cristão, e pudera dizer com fé: "Sabemos que passamos da morte para a vida." I João 3:14. Não assim o imperador que o banira. Este olharia para trás e encontraria apenas campos de batalha e carnificina, lares desolados, lágrimas de órfãos e viúvas, o fruto de seu ambicioso desejo de proeminência.
Em seu isolado lar, João estava habilitado a estudar mais intimamente do que nunca as manifestações do poder divino como reveladas no livro da natureza e nas Páginas da Inspiração. Era para ele um deleite meditar sobre a obra da criação, e adorar o divino Arquiteto. Em anos anteriores seus olhos tinham-se deleitado na contemplação dos morros cobertos de florestas, dos verdes vales e frutíferas planícies; e nas belezas da natureza sempre se deleitara em considerar a sabedoria e habilidade do Criador. Agora estava circundado por cenas que poderiam parecer a muitos melancólicas e desinteressantes; mas para João representavam outra coisa. Embora o cenário que o rodeava fosse desolado e árido, o céu azul que o
cobria era tão luminoso e belo como o céu de sua amada Jerusalém. Nas rochas rudes, e ermos, nos mistérios dos abismos, nas glórias do firmamento lia ele importantes lições. Tudo trazia mensagem do poder e glória de Deus.
Em tudo ao seu redor via o apóstolo testemunhas do dilúvio que inundara a Terra porque seus habitantes se aventuraram a transgredir a lei de Deus. As rochas que irromperam da Terra e do grande abismo pelo irromper das águas, traziam-lhe vividamente ao espírito os terrores daquele terrível derramamento da ira de Deus. Na voz de muitas águas - abismo chamando abismo - o profeta ouvia a voz do Criador. O mar, açoitado pela fúria de impiedosos ventos, representava para ele a ira de um Deus ofendido. As poderosas ondas, em sua terrível comoção, mantidas em seus limites por mão invisível, falavam do controle de um poder infinito. E em contraste considerava a fraqueza e futilidade dos mortais que, embora vermes do pó, gloriam-se em sua suposta sabedoria e força, e colocam o coração contra o Governador do Universo, como se Deus fosse igual a eles. As rochas lhe lembravam Cristo, a Rocha de sua fortaleza, em cujo abrigo podia ele refugiar-se sem temor. Do exilado apóstolo sobre o rochedo de Patmos subiam para Deus os mais ardentes anseios de alma, as mais ferventes orações.
A história de João fornece uma vívida ilustração de como Deus pode usar obreiros idosos. Quando João foi exilado para a ilha de Patmos, havia muitos que o consideravam como tendo passado do tempo de serviço, um caniço velho e quebrado, pronto para cair a qualquer momento. Mas o Senhor achou próprio usá-lo ainda. Embora banido das cenas de seus primeiros labores, ele não cessou de dar testemunho da verdade. Mesmo em Patmos fez amigos e conversos. Sua mensagem era de alegria, proclamava um Salvador ressurreto, que no Céu intercedia por Seu povo até que pudesse retornar e tomá-lo para Si mesmo. E foi depois de haver João encanecido na obra de seu Senhor que ele recebeu do Céu mais comunicações que durante todos os anos anteriores de sua vida.
A mais terna consideração deve ser dispensada a todos aqueles cujos interesses da vida estiveram ligados com a obra de Deus. Esses obreiros idosos têm permanecido fiéis em meio a tempestades e provas. Podem ter enfermidades, mas possuem ainda talentos que os qualificam para permanecer em seu lugar na causa de Deus. Embora gastos, incapazes de levar os encargos mais pesados que os mais jovens podem e devem levar, seus conselhos são do mais alto valor.
Podem eles ter cometido erros, mas de suas falhas aprenderam a evitar erros e perigos; e não são ainda assim competentes para dar sábios conselhos? Suportaram provas e aflições, e embora tenham perdido parte de seu vigor, o Senhor não os põe de lado. Ele lhes dá especial graça e sabedoria.
Os que serviram seu Mestre quando a obra era difícil, que suportaram a pobreza e permaneceram fiéis quando poucos havia ao lado da verdade, devem ser honrados e respeitados. O Senhor deseja que os obreiros mais jovens ganhem sabedoria, fortaleza e maturidade pela associação com esses homens fiéis. Que os homens mais jovens sintam que ter entre eles tais obreiros lhes representa um alto favor. Dêem-lhes um lugar de honra em seus concílios.
Quando os que despenderam sua vida no serviço de Cristo se aproximam do fim de seu ministério terrestre, são impressionados pelo Espírito Santo a referir as experiências que tiveram em relação com a obra de Deus. O relato de Seu maravilhoso trato com Seu povo, de Sua grande bondade em livrá-lo das provas, deveria ser repetido aos recém-vindos à fé. Deus deseja que os velhos e provados obreiros permaneçam em seus lugares, fazendo sua parte para livrar a homens e mulheres de serem varridos pela poderosa corrente do mal, e deseja que conservem a armadura até que lhes ordene depô-la.
Na experiência do apóstolo João sob a perseguição, há para o cristão uma lição de maravilhosa fortaleza e conforto. Deus não impede a trama dos ímpios, mas faz que suas armadilhas contribuam para o bem daqueles que em prova e conflito mantêm sua fé e lealdade. Não raro o obreiro do evangelho efetua sua obra em meio a tempestades de perseguições, oposição atroz e acusações injustas. Em tais ocasiões lembre-se ele de que a experiência por alcançar na fornalha da prova e da aflição paga todas as penas de seu preço. Assim traz Deus Seus filhos próximo de Si, para que lhes possa mostrar Sua fortaleza e a fraqueza deles. Ele os ensina a arrimarem-se nEle. Dessa forma prepara-os para enfrentar as emergências, ocupar posições de responsabilidades e realizar o grande propósito para o que lhes foram dadas as faculdades.
Em todas as épocas as testemunhas designadas por Deus se têm exposto às perseguições e ao desprezo por amor à verdade. José foi caluniado e perseguido por haver preservado sua virtude e integridade. Davi, o mensageiro escolhido de Deus, foi caçado como um animal feroz por seus inimigos. Daniel foi lançado na cova dos leões por ser leal a sua aliança com o Céu. Jó foi privado de suas posses terrestres e ferido no corpo de tal maneira que o desprezaram os próprios parentes e amigos; contudo manteve sua integridade. Jeremias não pôde ser impedido de falar as palavras que Deus lhe ordenara; e seu testemunho de tal maneira enfureceu o rei e os príncipes que o atiraram num poço asqueroso. Estêvão foi apedrejado por haver pregado a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi encarcerado, açoitado, apedrejado e finalmente entregue à morte por ter sido fiel mensageiro de Deus aos gentios. E João foi banido para a ilha de Patmos "por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo".
Esses exemplos de humana firmeza dão testemunho da fidelidade das promessas de Deus - de Sua permanente presença e mantenedora graça. Testificam do poder da fé para enfrentar os poderes do mundo. É obra de fé repousar em Deus na hora mais escura, sentir, embora dolorosamente provado e sacudido pela tempestade, que nosso Pai está ao leme. Somente os olhos da fé podem ver para além das coisas temporais e apreciar com acerto o valor das riquezas eternas.
Jesus não oferece a Seus seguidores a esperança de alcançar glórias e riquezas terrestres, de viver uma vida livre de provações. Ao contrário, chama-os para segui-Lo no caminho da abnegação e ignomínia. Aquele que veio para redimir o mundo sofreu a oposição das arregimentadas forças do mal. Numa impiedosa confederação, homens e anjos maus se aliaram contra o Príncipe da paz. Cada um de Seus atos e palavras revelava divina compaixão, e Sua inconformidade com o mundo provocou a mais acérrima hostilidade.
Assim será com todos os que se dispuserem a viver piamente em Cristo Jesus. A perseguição e o descrédito esperam todos os que se imbuírem do Espírito de Cristo. O caráter da perseguição muda com o tempo, mas o princípio - o espírito que a anima - é o mesmo que tem dado a morte aos escolhidos do Senhor desde os dias de Abel.
Em todos os séculos Satanás tem perseguido o povo de Deus. Tem-no torturado e lhe dado a morte, porém tornaram-se eles conquistadores ao morrer. Deram testemunho do poder de Alguém que é mais forte que Satanás. Podem os ímpios torturar e matar o corpo, mas não podem tocar na vida que está escondida com Cristo em Deus. Podem encerrar homens e mulheres nas prisões, mas não lhes podem encerrar o espírito.
Mediante provas e perseguições, a glória - o caráter - de Deus se revela em Seus escolhidos. Os crentes em Cristo, odiados e perseguidos pelo mundo, são educados e disciplinados na escola de Cristo. Na Terra andam em veredas estreitas; são purificados na fornalha da aflição.
Seguem a Cristo através de penosos conflitos; suportam a abnegação e passam por amargos desapontamentos; mas deste modo aprendem o que significam a culpa e os ais do pecado, e olham para ele com repulsa. Tendo sido participantes das aflições de Cristo, podem contemplar a glória além da obscuridade, dizendo: "Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." Rom. 8:18.
EFESO
Apocalipse 2
1: ESCREVE ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro:
2: Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.
3: E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
4: Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
5: Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.
6: Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
7: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.
2: Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.
3: E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
4: Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
5: Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.
6: Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
7: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.
Éfeso era a maior cidade da costa oeste da Ásia Menor. Como um centro de comércio marítimo e rodoviário da região, Éfeso era uma próspera comunidade urbana. No final do primeiro século D.C. era a quarta maior cidade do Império Romano. Os romanos fizeram de Éfeso o centro administrativo da província da Ásia. O governador e outros oficiais de Roma entravam na província através do porto e conduziam muitos dos seus negócios na cidade. Renomados santuários religiosos, como o espaçoso teatro, e elegantes prédios públicos deram a Éfeso uma lugar integral na vida cultural de toda região. Na metade do primeiro século D.C., Paulo trabalhou em Éfeso por diversos anos.
Ártemis ou Diana era a principal divindade de Éfeso. Embora Átermis fosse cultuada em diversos lugares, seu santuário em Éfeso estava entre uma das maravilhas do mundo antigo. Suas imensas colunas fechavam um espaço sagrado no qual uma estátua dourada se encontrava. Peregrinos vinham de toda a região para culto de santificação, contribuindo para a renovação da cidade.
Ártemis e seu irmão Apolo eram considerados filhos de Zeus e Leto. Ártemis é freqüentemente descrita como uma virgem caçada, destemida em oposição a seus adversários. Em Éfeso ela parece ter sido uma deusa mãe, provedora de fertilidade e novos nascimentos.
Nos dias dos apóstolos os crentes cristãos estavam cheios de fervor e entusiasmo. Tão incansavelmente trabalhavam eles para o Mestre que em tempo comparativamente curto, não obstante a feroz perseguição, o evangelho do reino soou em todas as partes do mundo habitado. O zelo manifestado nesse tempo pelos seguidores de Jesus foi relatado pela pena da inspiração para encorajamento dos crentes em todos os séculos. Da igreja de Éfeso, usada pelo Senhor Jesus como símbolo de toda a igreja cristã na era apostólica, a Testemunha fiel e verdadeira declarou:
"Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo Meu nome, e não te cansaste." Apoc. 2:2 e 3.
No início, a experiência da igreja de Éfeso foi marcada por simplicidade e fervor infantis. Os crentes
procuravam fervorosamente obedecer a cada ordem de Deus, e suas vidas revelavam fervente e sincero amor por Cristo. Regozijavam-se em fazer a vontade de Deus porque o Salvador estava sempre presente em seu coração. Cheios de amor pelo Redentor, era seu mais alto objetivo conquistar almas para Ele. Não pensavam em reter o precioso tesouro da graça de Cristo. Sentiam a importância do seu chamado; e com a responsabilidade da mensagem, "Paz na Terra, boa vontade para com os homens" (Luc. 2:14), ardiam em desejo de levar as alegres novas de salvação aos recantos mais remotos da Terra. E o mundo teve conhecimento de que haviam estado com Jesus. Homens pecadores, arrependidos, perdoados, purificados e santificados, foram levados em participação com Deus através de Seu Filho.
Os membros da igreja estavam unidos em sentimento e ação. O amor a Cristo era a cadeia de ouro que os unia. Prosseguiram em conhecer o Senhor mais e mais perfeitamente, e a vida deles revelava o júbilo e a paz de Cristo. Visitavam os órfãos e as viúvas em suas aflições, e guardavam-se imaculados do mundo, sentindo que deixar de fazer isto seria uma contradição de sua fé e uma negação de seu Redentor.
Em cada cidade a obra era levada para frente. Almas eram convertidas e estas por sua vez sentiam que precisavam falar do inestimável tesouro que haviam recebido. Não tinham repouso sem que a luz que lhes iluminara a mente brilhasse sobre outros. Multidões de incrédulos ficavam familiarizados com as razões da esperança dos cristãos. Amorosos e inspirados apelos pessoais eram feitos aos que estavam em erro, aos párias e aos que, embora professando conhecer a verdade, eram mais amantes dos prazeres que de Deus.
Depois de algum tempo, porém, começou a minguar o zelo dos crentes, bem assim seu amor a Deus e de uns para com os outros. A frieza invadiu a igreja. Alguns esqueceram a maneira maravilhosa em que haviam recebido a verdade. Os velhos porta-estandartes caíram em seu posto um após outro. Alguns dos obreiros mais jovens, que poderiam haver partilhado das responsabilidades desses pioneiros e assim se preparado para assumir direção sábia, haviam-se cansado das tão repetidas verdades. Em seu desejo de alguma coisa nova e estimulante, buscaram introduzir novos aspectos da doutrina, mais agradáveis a muitos espíritos, mas não em harmonia com os princípios fundamentais do evangelho. Em sua confiança própria e cegueira espiritual deixaram de discernir que esses sofismas levariam muitos a pôr em dúvida as experiências do passado, conduzindo assim à confusão e incredulidade.
Ao serem essas falsas doutrinas introduzidas, despertavam divergências, e os olhos de muitos deixaram de contemplar a Jesus como o autor e consumador de sua fé. A discussão sobre insignificantes pontos de doutrina, e o gosto por fábulas de invenção humana, ocupavam o tempo que deveria ser gasto na proclamação do evangelho. As massas que poderiam ter sido convencidas e convertidas pela fiel apresentação da verdade, eram deixadas sem advertência. A piedade decaía rapidamente e parecia estar
que se declaravam seguidores de Cristo.
"Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo Meu nome, e não te cansaste." Apoc. 2:2 e 3.
No início, a experiência da igreja de Éfeso foi marcada por simplicidade e fervor infantis. Os crentes
procuravam fervorosamente obedecer a cada ordem de Deus, e suas vidas revelavam fervente e sincero amor por Cristo. Regozijavam-se em fazer a vontade de Deus porque o Salvador estava sempre presente em seu coração. Cheios de amor pelo Redentor, era seu mais alto objetivo conquistar almas para Ele. Não pensavam em reter o precioso tesouro da graça de Cristo. Sentiam a importância do seu chamado; e com a responsabilidade da mensagem, "Paz na Terra, boa vontade para com os homens" (Luc. 2:14), ardiam em desejo de levar as alegres novas de salvação aos recantos mais remotos da Terra. E o mundo teve conhecimento de que haviam estado com Jesus. Homens pecadores, arrependidos, perdoados, purificados e santificados, foram levados em participação com Deus através de Seu Filho.
Os membros da igreja estavam unidos em sentimento e ação. O amor a Cristo era a cadeia de ouro que os unia. Prosseguiram em conhecer o Senhor mais e mais perfeitamente, e a vida deles revelava o júbilo e a paz de Cristo. Visitavam os órfãos e as viúvas em suas aflições, e guardavam-se imaculados do mundo, sentindo que deixar de fazer isto seria uma contradição de sua fé e uma negação de seu Redentor.
Em cada cidade a obra era levada para frente. Almas eram convertidas e estas por sua vez sentiam que precisavam falar do inestimável tesouro que haviam recebido. Não tinham repouso sem que a luz que lhes iluminara a mente brilhasse sobre outros. Multidões de incrédulos ficavam familiarizados com as razões da esperança dos cristãos. Amorosos e inspirados apelos pessoais eram feitos aos que estavam em erro, aos párias e aos que, embora professando conhecer a verdade, eram mais amantes dos prazeres que de Deus.
Depois de algum tempo, porém, começou a minguar o zelo dos crentes, bem assim seu amor a Deus e de uns para com os outros. A frieza invadiu a igreja. Alguns esqueceram a maneira maravilhosa em que haviam recebido a verdade. Os velhos porta-estandartes caíram em seu posto um após outro. Alguns dos obreiros mais jovens, que poderiam haver partilhado das responsabilidades desses pioneiros e assim se preparado para assumir direção sábia, haviam-se cansado das tão repetidas verdades. Em seu desejo de alguma coisa nova e estimulante, buscaram introduzir novos aspectos da doutrina, mais agradáveis a muitos espíritos, mas não em harmonia com os princípios fundamentais do evangelho. Em sua confiança própria e cegueira espiritual deixaram de discernir que esses sofismas levariam muitos a pôr em dúvida as experiências do passado, conduzindo assim à confusão e incredulidade.
Ao serem essas falsas doutrinas introduzidas, despertavam divergências, e os olhos de muitos deixaram de contemplar a Jesus como o autor e consumador de sua fé. A discussão sobre insignificantes pontos de doutrina, e o gosto por fábulas de invenção humana, ocupavam o tempo que deveria ser gasto na proclamação do evangelho. As massas que poderiam ter sido convencidas e convertidas pela fiel apresentação da verdade, eram deixadas sem advertência. A piedade decaía rapidamente e parecia estar
que se declaravam seguidores de Cristo.
Foi neste tempo crítico da história da igreja que João foi sentenciado ao desterro. Jamais fora a sua voz tão necessária à igreja como agora. Quase todos os seus antigos companheiros de ministério tinham sofrido martírio. O remanescente dos crentes estava enfrentando feroz oposição. Segundo todas as aparências não estava longe o dia em que os inimigos da igreja de Cristo triunfariam.
Mas a mão do Senhor se movia invisível no meio das trevas. Na providência de Deus, João fora colocado onde Cristo lhe podia dar uma maravilhosa revelação de Si mesmo e da divina verdade para iluminação das igrejas.
Se for dada ao anjo de qualquer igreja uma comissão como a que foi dada ao anjo da igreja de Éfeso seja a mensagem ouvida por meio de instrumentos humanos, repreendendo o descuido, a apostasia e o pecado, para que o povo possa ser levado ao arrependimento e confissão do pecado. Nunca procureis encobrir o pecado; pois na mensagem de repreensão, deve Cristo ser proclamado como o primeiro e o último, Aquele que para a alma é tudo em todos.
Seu poder aguarda que o peçam aqueles que querem vencer. O reprovador deve animar seus ouvintes, de modo que lutem pelo domínio. Deve ele animá-los a lutar pelo libertamento de toda prática pecaminosa, para ser livres de todo hábito corrupto, mesmo que sua negação de si mesmo seja como arrancar a vista direita, ou separar do corpo o braço direito. Nenhuma concessão ou compromisso devem ser feitos em relação a maus hábitos ou práticas pecaminosas. Manuscrito 26a, 1892.
Seu poder aguarda que o peçam aqueles que querem vencer. O reprovador deve animar seus ouvintes, de modo que lutem pelo domínio. Deve ele animá-los a lutar pelo libertamento de toda prática pecaminosa, para ser livres de todo hábito corrupto, mesmo que sua negação de si mesmo seja como arrancar a vista direita, ou separar do corpo o braço direito. Nenhuma concessão ou compromisso devem ser feitos em relação a maus hábitos ou práticas pecaminosas. Manuscrito 26a, 1892.
ESMIRNA
Apocalipse 2
8. Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu:
9. Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás.
10. Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte.
Esmirna era a principal cidade que disputava com Éfeso e Pérgamo a fama de ser chamada de maior cidade da Ásia. Ruas e edifícios se estendiam através do litoral que circundava as montanhas. Fontes emanavam com águas do aqueduto da cidade. Um teatro ficava numa das áreas mais altas da cidade e de lá se contemplava a parte mais baixa da cidade. Esmirna reivindica o título de berço do poeta Homero e construiu um relicário em sua honra. Uma biblioteca, ginásios, termas e um estádio contribuíam para a vida cultural de Esmirna. A cidade atraiu oradores, como Apolônio de Tyana no primeiro século, e outros renomados, no segundo século.
A deusa Grande Mãe, que tinha o templo localizado no lado leste da cidade, era a divindade patrona de Esmirna. Sempre representada nas moedas de Esmirna, ela era considerada como uma deusa que era especialmente responsável por todo bem-estar da cidade. Fertilidade, saúde e proteção estavam entre os benefícios que era dito que ela provia.
Quando Jesus revelou a Seus discípulos a sorte de Jerusalém e as cenas do segundo advento, predisse também a experiência de Seu povo desde o tempo em que deveria ser tirado dentre eles até a Sua volta em poder e glória para o seu libertamento. Do Monte das Oliveiras o Salvador contemplou as tempestades prestes a desabar sobre a igreja apostólica; e penetrando mais profundamente no futuro,
Seus olhos divisaram os terríveis e devastadores vendavais que deveriam açoitar Seus seguidores nos vindouros séculos de trevas e perseguição. Em poucas e breves declarações de tremendo significado, predisse o que os governadores deste mundo haveriam de impor à igreja de Deus (Mat. 24:9, 21 e 22).
Os seguidores de Cristo deveriam trilhar a mesma senda de humilhação, ignomínia e sofrimento que seu Mestre palmilhara. A inimizade que irrompera contra o Redentor do mundo, manifestar-se-ia contra todos os que cressem em Seu nome. A história da igreja primitiva testificou do cumprimento das palavras do Salvador. Os poderes da Terra e do inferno arregimentaram-se contra Cristo na pessoa de Seus seguidores. O paganismo previa que se o evangelho triunfasse, seus templos e altares desapareciam; portanto convocou suas forças para destruir o cristianismo. Acenderam-se as fogueiras da perseguição. Os cristãos eram despojados de suas posses e expulsos de suas casas. Suportaram "grande combate de aflições". Heb. 10:32. "Experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões." Heb. 11:36. Grande número deles selaram seu testemunho com o próprio sangue. Nobres e escravos, ricos e pobres, doutos e ignorantes, foram de igual modo mortos sem misericórdia.
Estas perseguições, iniciadas sob o governo de Nero, aproximadamente ao tempo do martírio de Paulo, continuaram com maior ou menor fúria durante séculos. Os cristãos eram falsamente acusados dos mais hediondos crimes e tidos como a causa das grandes calamidades - fomes, pestes e terremotos. Tornando-se eles objeto do ódio e suspeita popular, prontificaram-se denunciantes, por amor ao ganho, a trair os inocentes. Eram condenados como rebeldes ao império, como inimigos da religião e peste da sociedade.
Grande número deles eram lançados às feras ou queimados vivos nos anfiteatros. Alguns eram crucificados, outros cobertos com peles de animais bravios e lançados à arena para serem despedaçados pelos cães. De seu sofrimento muitas vezes se fazia a principal diversão nas festas públicas. Vastas multidões reuniam-se para gozar do espetáculo e saudavam os transes de sua agonia com riso e aplauso.
Onde quer que procurassem refúgio, os seguidores de Cristo eram caçados como animais. Eram forçados a procurar esconderijo nos lugares desolados e solitários. "Desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes, pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra." Heb. 11:37 e 38. As catacumbas proporcionavam abrigo a milhares. Por sob as colinas, fora da cidade de Roma, longas galerias tinham sido feitas através da terra e da rocha; o escuro e complicado trama das comunicações estendia-se quilômetros além dos muros da cidade. Nestes retiros subterrâneos, os seguidores de Cristo sepultavam os seus mortos; e ali também, quando suspeitos e proscritos, encontravam lar. Quando o Doador da vida despertar os que pelejaram o bom combate, muitos que foram mártires por amor de Cristo sairão dessas sombrias cavernas.
Sob a mais atroz perseguição, estas testemunhas de Jesus conservaram incontaminada a sua fé. Posto que privados de todo conforto, excluídos da luz do Sol, tendo o lar no seio da terra, obscuro mas amigo, não proferiam queixa alguma. Com palavras de fé, paciência e esperança, animavam-se uns aos outros a suportar a privação e angústia. A perda de toda a bênção terrestre não os poderia forçar a renunciar sua crença em Cristo. Provações e perseguição não eram senão passos que os levavam para mais perto de seu descanso e recompensa.
Como aconteceu aos servos de Deus de outrora, muitos "foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição". Heb. 11:35. Estes se recordavam das palavras do Mestre, de que, quando perseguidos por amor de Cristo, ficassem muito alegres, pois que grande seria seu galardão no Céu, porque assim tinham sido perseguidos os profetas antes deles. Regozijavam-se de que fossem considerados dignos de sofrer pela verdade, e cânticos de triunfo ascendiam dentre as chamas crepitantes. Pela fé, olhando para cima, viam Cristo e os anjos apoiados sobre as ameias do Céu, contemplando-os com o mais profundo interesse, com aprovação considerando a sua firmeza. Uma voz lhes vinha do trono de Deus: "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida." Apoc. 2:10.
Nulos foram os esforços de Satanás para destruir pela violência a igreja de Cristo. O grande conflito em que os discípulos de Jesus rendiam a vida, não cessava quando estes fiéis porta-estandartes tombavam em seus postos. Com a derrota, venciam. Os obreiros de Deus eram mortos, mas a Sua obra ia avante com firmeza. O evangelho continuava a espalhar-se, e o número de seus aderentes a aumentar. Penetrou em regiões que eram inacessíveis, mesmo às águias romanas. Disse um cristão, contendendo com os governadores pagãos que estavam a impulsionar a perseguição: Podeis "matar-nos, torturar-nos condenar-nos. ... Vossa injustiça é prova de que somos inocentes. ... Tampouco vossa crueldade... vos aproveitará". Não era senão um convite mais forte para se levarem outros à mesma persuasão. "Quanto mais somos ceifados por vós, tanto mais crescemos em número; o sangue dos cristãos é semente." - Apologia, de Tertuliano, parágrafo 50.
Milhares eram aprisionados e mortos, mas outros surgiam para ocupar as vagas. E os que eram martirizados por sua fé tornavam-se aquisição de Cristo, por Ele tidos na conta de vencedores. Haviam pelejado o bom combate, e deveriam receber a coroa de glória quando Cristo viesse. Os sofrimentos que suportavam, levavam os cristãos mais perto uns dos outros e de seu Redentor. Seu exemplo em vida, e seu testemunho ao morrerem, eram constante atestado à verdade; e, onde menos se esperava, os súditos de Satanás estavam deixando o seu serviço e alistando-se sob a bandeira de Cristo.
PERGAMO
Apocalipse 2
. 12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes:
13 Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.
14 entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem.
15 Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas.
16 Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.
17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.
Pérgamo foi a maior cidade no oeste da Ásia Menor nos tempos do Novo Testamento. Está situada em um espaçoso vale, a 26 quilômetros do mar Egeu, naquilo que é hoje a Turquia. Séculos antes de Cristo, Pérgamo foi uma capital independente do império. Seus templos impressionantes, biblioteca e recursos médicos fizeram de Pérgamo um renomado centro cultural e político. No tempo em que o Apocalipse estava sendo escrito, Pérgamo tornou-se parte do império Romano, mas por causa da localização e importância, os Romanos usaram-na como centro administrativo da província da Ásia.
Atena era a divindade patrona de Pérgamo. Forte e pura, ela era considerada a protetora da cidade. A biblioteca próxima a seu santuário mostra a proximidade e conexão com a cultura, sabedoria, arte e aprendizado de todas as coisas.
Satanás, portanto, formulou seus planos para guerrear com mais êxito contra o governo de Deus, hasteando sua bandeira na igreja cristã. Se os seguidores de Cristo pudessem ser enganados e levados a desagradar a Deus, falhariam então sua força, poder e firmeza, e eles cairiam como presa fácil.
O grande adversário se esforçou então por obter pelo artifício aquilo que não lograra alcançar pela força. Cessou a perseguição, e em seu lugar foi posta a perigosa sedução da prosperidade temporal e honra mundana. Levavam-se idólatras a receber parte da fé cristã, enquanto rejeitavam outras verdades essenciais. Professavam aceitar a Jesus como o Filho de Deus e crer em Sua morte e ressurreição; mas não tinham a convicção do pecado e não sentiam necessidade de arrependimento ou de uma mudança de coração. Com algumas concessões de sua parte, propuseram que os cristãos fizessem outras também, para que todos pudessem unir-se sob a plataforma da crença em Cristo.
A igreja naquele tempo encontrava-se em terrível perigo. Prisão, tortura, fogo e espada eram bênçãos em comparação com isto. Alguns dos cristãos permaneceram firmes, declarando que não transigiriam. Outros eram favoráveis a que cedessem, ou modificassem alguns característicos de sua fé, e se unissem aos que haviam aceito parte do cristianismo, insistindo em que este poderia ser o meio para a completa conversão. Foi um tempo de profunda angústia para os fiéis seguidores de Cristo. Sob a capa de pretenso cristianismo, Satanás se estava insinuando na igreja a fim de corromper-lhe a fé e desviar-lhe a mente da Palavra da verdade.
TIATIRA
Apocalipse 2:18-29
18Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes a latão reluzente:
19Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e o teu serviço, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas que as primeiras.
20Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificdas a ídolos;
21e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e ela não quer arrepender-se da sua prostituição.
22Eis que a lanço num leito de dores, e numa grande tribulação os que cometem adultério com ela, se não se arrependerem das obras dela;
23e ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada um de vós segundo as suas obras.
24Digo-vos, porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei;
25mas o que tendes, retende-o até que eu venha.
26Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações,
27e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai;
28também lhe darei a estrela da manhã.
29Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito dia às igrejas.
Tiatira era um centro comercial na Ásia Menor (moderna Turquia). Estava localizada num fértil vale no qual passavam rotas de comércio. Embora destruída por um terremoto durante o reino de César Augusto (27 a.C.-d.C. 14), Tiatira foi reconstruída com a ajuda Romana. Produtos têxteis eram os mais importantes em Tiatira . Uma das comerciantes de roupas da cidade era uma mulher chamada Lídia, que conduzia negócios em lugares distantes como Filipos.
A principal divindade de Tiatira era Apolo Tirimaeus . Os títulos dados a essa divindade eram associados com o poder do sol. Na imagem mostrada aqui, o deus está em pé à direita, cumprimentado o imperador. O deus segura um machado para mostrar seu poder na guerra.
Tiatira representa o período que vai desde o século VI ao XV - é a Idade Média. Jezabel, filha de um rei sidônio, adoradora de Baal, a qual introduziu a idolatria e corrupção religiosa em Israel, é aqui o símbolo da apostasia e corrupção religiosa aberta. A igreja se paganizara.
A igreja naquele tempo encontrava-se em terrível perigo. Prisão, tortura, fogo e espada eram bênçãos em comparação com isto. Alguns dos cristãos permaneceram firmes, declarando que não transigiriam. Outros eram favoráveis a que cedessem, ou modificassem alguns característicos de sua fé, e se unissem aos que haviam aceito parte do cristianismo, insistindo em que este poderia ser o meio para a completa conversão. Foi um tempo de profunda angústia para os fiéis seguidores de Cristo. Sob a capa de pretenso cristianismo, Satanás se estava insinuando na igreja a fim de corromper-lhe a fé e desviar-lhe a mente da Palavra da verdade.
A maioria dos cristãos finalmente consentiu em baixar a norma, formando-se uma união entre o cristianismo e o paganismo. Posto que os adoradores de ídolos professassem estar convertidos e unidos à igreja, apegavam-se ainda à idolatria, mudando apenas os objetos de culto pelas imagens de Jesus, e mesmo de Maria e dos santos. O fermento vil da idolatria, assim trazido para a igreja, continuou a obra funesta. Doutrinas errôneas, ritos supersticiosos e cerimônias idolátricas foram incorporados em sua fé e culto. Unindo-se os seguidores de Cristo aos idólatras, a religião cristã se tornou corrupta e a igreja perdeu sua pureza e poder. Alguns houve, entretanto, que não foram transviados por esses enganos. Mantinham-se ainda fiéis ao Autor da verdade, e adoravam a Deus somente.
O apóstolo Paulo, em sua segunda carta aos tessalonicenses, predisse a grande apostasia que teria como resultado o estabelecimento do poder papal. Declarou que o dia de Cristo não viria "sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição; o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus". II Tess. 2:3 e 4. E, ainda mais, o apóstolo adverte os irmãos de que "já o mistério da injustiça opera". II Tess. 2:7. Mesmo naqueles primeiros tempos viu ele, insinuando-se na igreja, erros que preparariam o caminho para o desenvolvimento do papado.
Pouco a pouco, a princípio furtiva e silenciosamente, e depois mais às claras, à medida em que crescia em força e conquistava o domínio da mente das pessoas, o mistério da iniqüidade levou avante sua obra de engano e blasfêmia. Quase imperceptivelmente os costumes do paganismo tiveram ingresso na igreja cristã. O espírito de transigência e conformidade fora restringido durante algum tempo pelas terríveis perseguições que a igreja suportou sob o paganismo. Mas, em cessando a perseguição e entrando o cristianismo nas cortes e palácios dos reis, pôs ela de lado a humilde simplicidade de Cristo e Seus apóstolos, em troca da pompa e orgulho dos sacerdotes e governadores pagãos; e em lugar das ordenanças de Deus colocou teorias e tradições humanas. A conversão nominal de
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Constantino, na primeira parte do século IV, causou grande regozijo; e o mundo, sob o manto de justiça aparente, introduziu-se na igreja. Progredia rapidamente a obra de corrupção. O paganismo, conquanto parecesse suplantado, tornou-se o vencedor. Seu espírito dominava a igreja. Suas doutrinas, cerimônias e superstições incorporaram-se à fé e culto dos professos seguidores de Cristo.
Esta mútua transigência entre o paganismo e o cristianismo resultou no desenvolvimento do "homem do pecado", predito na profecia como se opondo a Deus e exaltando-se sobre Ele. Aquele gigantesco sistema de religião falsa é a obra-prima do poder de Satanás - monumento de seus esforços para sentar-se sobre o trono e governar a Terra segundo a sua vontade.
Uma vez Satanás se esforçou por estabelecer um compromisso mútuo com Cristo. Chegando-se ao Filho de Deus no deserto da tentação, e mostrando-Lhe todos os reinos do mundo e a glória dos mesmos, ofereceu-se a entregar tudo em Suas mãos se tão-somente reconhecesse a supremacia do príncipe das trevas. Cristo repreendeu o pretensioso tentador e obrigou-o a retirar-se. Mas Satanás obtém maior êxito em apresentar ao homem as mesmas tentações. Para conseguir proveitos e honras humanas, a igreja foi levada a buscar o favor e apoio dos grandes homens da Terra; e, havendo assim rejeitado a Cristo, foi induzida a prestar obediência ao representante de Satanás - o bispo de Roma.
Uma das principais doutrinas do romanismo é que o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo, investido de autoridade suprema sobre os bispos e pastores em todas as partes do mundo. Mais do que isto, tem-se dado ao papa os próprios títulos da Divindade. Tem sido intitulado: "Senhor Deus, o Papa", e foi declarado infalível. Exige ele a homenagem de todos os homens. A mesma pretensão em que insistia Satanás no deserto da tentação, ele ainda a encarece mediante a igreja de Roma, e enorme número de pessoas estão prontas para render-lhe homenagem.
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Mas os que temem e reverenciam a Deus enfrentam esta audaciosa presunção do mesmo modo porque Cristo enfrentou as solicitações do insidioso adversário: "Adorarás ao Senhor teu Deus, e a Ele somente servirás." Luc. 4:8. Deus jamais deu em Sua Palavra a mínima sugestão de que tivesse designado a algum homem para ser a cabeça da igreja. A doutrina da supremacia papal opõe-se diretamente aos ensinos das Escrituras Sagradas. O papa não pode ter poder algum sobre a igreja de Cristo, senão por usurpação.
Os romanistas têm persistido em acusar os protestantes de heresia e voluntária separação da verdadeira igreja. Semelhantes acusações, porém, aplicam-se antes a eles próprios. São eles os que depuseram a bandeira de Cristo, e se afastaram da "fé que uma vez foi dada aos santos". Jud. 3.
Satanás bem sabia que as Escrituras Sagradas habilitariam os homens a discernir seus enganos e resistir a seu poder. Foi pela Palavra que mesmo o Salvador do mundo resistiu a seus ataques. Em cada assalto Cristo apresentou o escudo da verdade eterna, dizendo: "Está escrito." A cada sugestão do adversário, opunha a sabedoria e poder da Palavra. A fim de Satanás manter o seu domínio sobre os homens e estabelecer a autoridade humana, deveria conservá-los na ignorância das Escrituras. A Bíblia exaltaria a Deus e colocaria o homem finito em sua verdadeira posição; portanto, suas sagradas verdades deveriam ser ocultadas e suprimidas. Esta lógica foi adotada pela Igreja de Roma. Durante séculos a circulação da Escritura foi proibida. Ao povo era vedado lê-la ou tê-la em casa, e sacerdotes e prelados sem escrúpulos interpretavam-lhe os ensinos de modo a favorecerem suas pretensões. Assim o chefe da igreja veio a ser quase universalmente reconhecido como o vigário de Deus na Terra, dotado de autoridade sobre a igreja e o Estado.
Suprimido o revelador do erro, agiu Satanás à vontade. A profecia declarara que o papado havia de cuidar "em mudar os tempos e a lei". Dan. 7:25. Para cumprir esta obra
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não foi vagaroso. A fim de proporcionar aos conversos do paganismo uma substituição à adoração de ídolos, e promover assim sua aceitação nominal do cristianismo, foi gradualmente introduzida no culto cristão a adoração das imagens e relíquias. O decreto de um concílio geral estabeleceu, por fim, este sistema de idolatria. Para completar a obra sacrílega, Roma pretendeu eliminar da lei de Deus, o segundo mandamento, que proíbe o culto das imagens, e dividir o décimo mandamento a fim de conservar o número deles.
Este espírito de concessão ao paganismo abriu caminho para desrespeito ainda maior da autoridade do Céu. Satanás, operando por meio de não consagrados dirigentes da igreja, intrometeu-se também com o quarto mandamento e tentou pôr de lado o antigo sábado, o dia que Deus tinha abençoado e santificado (Gên. 2:2 e 3), exaltando em seu lugar a festa observada pelos pagãos como "o venerável dia do Sol". Esta mudança não foi a princípio tentada abertamente. Nos primeiros séculos o verdadeiro sábado foi guardado por todos os cristãos. Eram estes ciosos da honra de Deus, e, crendo que Sua lei é imutável, zelosamente preservavam a santidade de seus preceitos. Mas com grande argúcia, Satanás operava mediante seus agentes para efetuar seu objetivo. Para que a atenção do povo pudesse ser chamada para o domingo, foi feito deste uma festividade em honra da ressurreição de Cristo. Atos religiosos eram nele realizados; era, porém, considerado como dia de recreio, sendo o sábado ainda observado como dia santificado.
A fim de preparar o caminho para a obra que intentava cumprir, Satanás induzira os judeus, antes do advento de Cristo, a sobrecarregarem o sábado com as mais rigorosas imposições, tornando sua observância um fardo. Agora, tirando vantagem da falsa luz sob a qual ele assim fizera com que fosse considerado, lançou o desdém sobre o sábado como instituição judaica. Enquanto os cristãos geralmente continuavam a observar o domingo como festividade prazenteira, ele os levou, a fim de
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mostrarem seu ódio ao judaísmo, a fazer do sábado dia de jejum, de tristeza e pesar.
Na primeira parte do século IV, o imperador Constantino promulgou um decreto fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano. O dia do Sol era venerado por seus súditos pagãos e honrado pelos cristãos; era política do imperador unir os interesses em conflito do paganismo e cristianismo. Com ele se empenharam para fazer isto os bispos da igreja, os quais, inspirados pela ambição e sede do poder, perceberam que, se o mesmo dia fosse observado tanto por cristãos como pagãos, promoveria a aceitação nominal do cristianismo pelos pagãos, e assim adiantaria o poderio e glória da igreja. Mas, conquanto muitos cristãos tementes a Deus fossem gradualmente levados a considerar o domingo como possuindo certo grau de santidade, ainda mantinham o verdadeiro sábado como o dia santo do Senhor, e observavam-no em obediência ao quarto mandamento.
O arquienganador não havia terminado a sua obra. Estava decidido a congregar o mundo cristão sob sua bandeira, e exercer o poder por intermédio de seu vigário, o orgulhoso pontífice que pretendia ser o representante de Cristo. Por meio de pagãos meio-convertidos, ambiciosos prelados e eclesiásticos amantes do mundo, realizou ele seu propósito. Celebravam-se de tempos em tempos vastos concílios aos quais do mundo todo concorriam os dignitários da igreja. Em quase todos os concílios o sábado que Deus havia instituído era rebaixado um pouco mais, enquanto o domingo era em idêntica proporção exaltado. Destarte a festividade pagã veio finalmente a ser honrada como instituição divina, ao mesmo tempo em que se declarava ser o sábado bíblico relíquia do judaísmo, amaldiçoando-se seus observadores.
O grande apóstata conseguira exaltar-se "contra tudo o que se chama Deus, ou se adora". II Tess. 2:4. Ousara mudar o único preceito da lei divina que inequivocamente indica a toda a humanidade o Deus verdadeiro e vivo. No quarto
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mandamento Deus é revelado como o Criador do céu e da Terra, e por isso Se distingue de todos os falsos deuses. Foi para memória da obra da criação que o sétimo dia foi santificado como dia de repouso para o homem. Destinava-se a conservar o Deus vivo sempre diante da mente humana como a fonte de todo ser e objeto de reverência e culto. Satanás esforça-se por desviar os homens de sua aliança para com Deus e de prestarem obediência à Sua lei; dirige Seus esforços, portanto, especialmente contra o mandamento que aponta a Deus como o Criador.
Os protestantes hoje insistem em que a ressurreição de Cristo no domingo fê-lo o sábado cristão. Não existe, porém, evidência escriturística para isto. Nenhuma honra semelhante foi conferida ao dia por Cristo ou Seus apóstolos. A observância do domingo como instituição cristã teve origem no "mistério da injustiça" (II Tess. 2:7) que, já no tempo de Paulo, começara a sua obra. Onde e quando adotou o Senhor este filho do papado? Que razão poderosa se poderá dar para uma mudança que as Escrituras não sancionam?
No século VI tornou-se o papado firmemente estabelecido. Fixou-se a sede de seu poderio na cidade imperial e declarou-se ser o bispo de Roma a cabeça de toda a igreja. O paganismo cedera lugar ao papado. O dragão dera à besta "o seu poder, e o seu trono, e grande poderio". Apoc. 13:2. E começaram então os 1.260 anos da opressão papal preditos nas profecias de Daniel e Apocalipse (Dan. 7:25; Apoc. 13:5-7). Os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e culto papais, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelo instrumento de tortura, pela fogueira, ou pela machadinha do verdugo. Cumpriam-se as palavras de Jesus: "E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa de Meu nome." Luc. 21:16 e 17.
Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior
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fúria do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim diz o profeta: "A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil e duzentos e sessenta dias." Apoc. 12:6.
O acesso da Igreja de Roma ao poder assinalou o início da escura Idade Média. Aumentando o seu poderio, mais se adensavam as trevas. De Cristo, o verdadeiro fundamento, transferiu-se a fé para o papa de Roma. Em vez de confiar no Filho de Deus para o perdão dos pecados e para a salvação eterna, o povo olhava para o papa e para os sacerdotes e prelados a quem delegava autoridade. Ensinava-se-lhe ser o papa seu mediador terrestre, e que ninguém poderia aproximar-se de Deus senão por seu intermédio; e mais ainda, que ele ficava para eles em lugar de Deus e deveria, portanto, ser implicitamente obedecido. Esquivar-se de suas disposições era motivo suficiente para se infligir a mais severa punição ao corpo e alma dos delinqüentes. Assim, a mente do povo desviava-se de Deus para homens falíveis e cruéis, e mais ainda, para o próprio príncipe das trevas que por meio deles exercia o seu poder. O pecado se disfarçava sob o manto de santidade. Quando as Escrituras são suprimidas e o homem vem a considerar-se supremo, só podemos esperar fraudes, engano e aviltante iniqüidade. Com a elevação das leis e tradições humanas, tornou-se manifesta a corrupção que sempre resulta de se pôr de lado a lei de Deus.
Dias de perigo foram aqueles para a igreja de Cristo. Os fiéis porta-estandartes eram na verdade poucos. Posto que a verdade não fosse deixada sem testemunhas, parecia, por vezes, que o erro e a superstição prevaleceriam completamente, e a verdadeira religião seria banida da Terra. Perdeu-se de vista o evangelho, mas multiplicaram-se as formas de religião, e o povo foi sobrecarregado de severas exigências.
Ensinava-se-lhes não somente a considerar o papa como seu mediador, mas a confiar em suas próprias obras para expiação do pecado. Longas peregrinações, atos de penitência,
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adoração de relíquias, ereção de igrejas, relicários e altares, bem como pagamento de grandes somas à igreja, tudo isto e muitos atos semelhantes eram ordenados para aplacar a ira de Deus ou assegurar o Seu favor, como se Deus fosse idêntico aos homens, encolerizando-Se por ninharias, ou apaziguando-Se com donativos ou atos de penitência!
Apesar de que prevalecesse o vício, mesmo entre os chefes da Igreja de Roma, sua influência parecia aumentar constantemente. Mais ou menos ao findar o século VIII, os romanistas começaram a sustentar que nas primeiras épocas da igreja os bispos de Roma tinham possuído o mesmo poder espiritual que assumiam agora. Para confirmar essa pretensão, era preciso empregar alguns meios com o fito de lhe dar aparência de autoridade; e isto foi prontamente sugerido pelo pai da mentira. Antigos escritos foram forjados pelos monges. Decretos de concílios de que antes nada se ouvira foram descobertos, estabelecendo a supremacia universal do papa desde os primeiros tempos. E a igreja que rejeitara a verdade, avidamente aceitou estes enganos.
Os poucos fiéis que construíram sobre o verdadeiro fundamento (I Cor. 3:10 e 11), ficaram perplexos e entravados quando o entulho das falsas doutrinas obstruiu a obra. Como os edificadores sobre o muro de Jerusalém no tempo de Neemias, alguns se prontificaram a dizer: "Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito e nós não podemos edificar o muro." Nee. 4:10. Cansados da constante luta contra a perseguição, fraude, iniqüidade e todos os outros obstáculos que Satanás pudera engendrar para deter-lhes o progresso, alguns que haviam sido fiéis edificadores, desanimaram; e por amor da paz e segurança de sua propriedade e vida, desviaram-se do verdadeiro fundamento. Outros, sem se intimidarem com a oposição de seus inimigos, intrepidamente declaravam: "Não os temais: lembrai-vos do Senhor grande e terrível" (Nee. 4:14); e prosseguiam com a obra, cada qual com a espada cingida ao lado (Efés. 1:17).
O mesmo espírito de ódio e oposição à verdade tem inspirado os inimigos de Deus em todos os tempos, e a mesma
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vigilância e fidelidade têm sido exigidas de Seus servos. As palavras de Cristo aos primeiros discípulos aplicam-se aos Seus seguidores até ao final do tempo: "E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai." Mar. 13:37.
As trevas pareciam tornar-se mais densas. Generalizou-se a adoração das imagens. Acendiam-se velas perante imagens e orações se lhes dirigiam. Prevaleciam os costumes mais absurdos e supersticiosos. O espírito dos homens era a tal ponto dirigido pela superstição que a razão mesma parecia haver perdido o domínio. Enquanto os próprios sacerdotes e bispos eram amantes do prazer, sensuais e corruptos, só se poderia esperar que o povo que os tinha como guias se submergisse na ignorância e vício.
Outro passo ainda deu a presunção papal quando, no século XI, o Papa Gregório VII proclamou a perfeição da Igreja de Roma. Entre as proposições por ele apresentadas uma havia declarando que a igreja nunca tinha errado, nem jamais erraria, segundo as Escrituras. Mas as provas escriturísticas não acompanhavam a afirmação. O altivo pontífice também pretendia o poder de depor imperadores; e declarou que sentença alguma que pronunciasse poderia ser revogada por quem quer que fosse, mas era prerrogativa sua revogar as decisões de todos os outros.
Uma flagrante ilustração do caráter tirânico do Papa Gregório VII se nos apresenta no modo por que tratou o imperador alemão Henrique IV. Por haver intentado desprezar a autoridade do papa, declarou-o este excomungado e destronado. Aterrorizado pela deserção e ameaças de seus próprios príncipes, que por mandado do papa eram incentivados na rebelião contra ele, Henrique pressentiu a necessidade de fazer as pazes com Roma. Em companhia da esposa e de um servo fiel, atravessou os Alpes em pleno inverno, a fim de humilhar-se perante o papa. Chegando ao castelo para onde Gregório se retirara, foi conduzido, sem seus guardas, a um pátio externo, e ali, no rigoroso frio do inverno, com a cabeça descoberta,
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descalço e miseravelmente vestido, esperou a permissão do papa a fim de ir à sua presença. O pontífice não se dignou de conceder-lhe perdão senão depois de haver ele permanecido três dias jejuando e fazendo confissão. Isso mesmo, apenas com a condição de que o imperador esperasse a sanção do papa antes de reassumir as insígnias ou exercer o poder da realeza. E Gregório, envaidecido com seu triunfo, jactava-se de que era seu dever abater o orgulho dos reis.
Quão notável é o contraste entre o orgulho deste altivo pontífice e a mansidão e a suavidade de Cristo, que representa a Si mesmo à porta do coração a rogar que seja ali admitido, a fim de poder entrar para levar perdão e paz, e que ensinou a Seus discípulos: "Qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo." Mat. 20:27.
Os séculos que se seguiram testemunharam aumento constante de erros nas doutrinas emanadas de Roma. Mesmo antes do estabelecimento do papado, os ensinos dos filósofos pagãos haviam recebido atenção e exercido influência na igreja. Muitos que se diziam conversos ainda se apegavam aos dogmas de sua filosofia pagã, e não somente continuaram no estudo desta, mas encareciam-no a outros como meio de estenderem sua influência entre os pagãos. Erros graves foram assim introduzidos na fé cristã. Destaca-se entre outros o da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da Virgem Maria. Disto também proveio a heresia do tormento eterno para os que morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à fé papal.
Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e empregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com esta heresia afirma-se a existência de um lugar de tormento, no qual as almas dos que não mereceram condenação eterna devem sofrer castigo por seus pecados,
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e do qual, quando libertas da impureza, são admitidas no Céu.
Ainda uma outra invencionice era necessária para habilitar Roma a aproveitar-se dos temores e vícios de seus adeptos. Esta foi suprida pela doutrina das indulgências. Completa remissão dos pecados, passados, presentes e futuros, e livramento de todas as dores e penas em que os pecados importam, eram prometidos a todos os que se alistassem nas guerras do pontífice para estender seu domínio temporal, castigar seus inimigos e exterminar os que ousassem negar-lhe a supremacia espiritual. Ensinava-se também ao povo que, pelo pagamento de dinheiro à igreja, poderia livrar-se do pecado e igualmente libertar as almas de seus amigos falecidos que estivessem condenados às chamas atormentadoras. Por esses meios Roma abarrotou os cofres e sustentou a magnificência, o luxo e os vícios dos pretensos representantes dAquele que não tinha onde reclinar a cabeça.
A ordenança escriturística da ceia do Senhor fora suplantada pelo idolátrico sacrifício da missa. Sacerdotes papais pretendiam, mediante esse disfarce destituído de sentido, converter o simples pão e vinho no verdadeiro "corpo e sangue de Cristo". - Conferências Sobre a "Presença Real", do Cardeal Wiseman. Com blasfema presunção pretendiam abertamente o poder de criarem Deus, o Criador de todas as coisas. Aos cristãos exigia-se, sob pena de morte, confessar sua fé nesta heresia horrível, que insulta ao Céu. Multidões que a isto se recusaram foram entregues às chamas.
No século XIII foi estabelecido a mais terrível de todas as armadilhas do papado - a inquisição. O príncipe das trevas trabalhava com os dirigentes da hierarquia papal. Em seus concílios secretos, Satanás e seus anjos dirigiam a mente de homens maus, enquanto, invisível entre eles, estava um anjo de Deus, fazendo o tremendo relatório de seus iníquos decretos e escrevendo a história de ações por demais horrorosas para serem desvendadas ao olhar humano. "A grande Babilônia" estava "embriagada do sangue dos santos." Os corpos mutilados de
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milhões de mártires pediam vingança a Deus contra o poder apóstata.
O papado se tornou o déspota do mundo. Reis e imperadores curvavam-se aos decretos do pontífice romano. O destino dos homens, tanto temporal como eterno, parecia estar sob seu domínio. Durante séculos as doutrinas de Roma tinham sido extensa e implicitamente recebidas, seus ritos reverentemente praticados, suas festas geralmente observadas. Seu clero era honrado e liberalmente mantido. Nunca a Igreja de Roma atingiu maior dignidade, magnificência ou poder.
Mas "o meio-dia do papado foi a meia-noite do mundo". - História do Protestantismo, de Wylie. As Sagradas Escrituras eram quase desconhecidas, não somente pelo povo mas pelos sacerdotes. Como os fariseus de outrora, os dirigentes papais odiavam a luz que revelaria os seus pecados. Removida a lei de Deus - a norma de justiça - exerciam eles poder sem limites e praticavam os vícios sem restrições. Prevaleciam a fraude, a avareza, a libertinagem. Os homens não recuavam de crime algum pelo qual pudessem adquirir riqueza ou posição. Os palácios dos papas e prelados eram cenários da mais vil devassidão. Alguns dos pontífices reinantes eram acusados de crimes tão revoltantes que os governadores seculares se esforçavam por depor esses dignitários da igreja como monstros demasiado vis para serem tolerados. Durante séculos a Europa não fez progresso no saber, nas artes ou na civilização. Uma paralisia moral e intelectual caíra sobre a cristandade.
A condição do mundo sob o poder romano apresentava o cumprimento terrível e surpreendente das palavras do profeta Oséias: "O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento, também Eu te rejeitarei, ... visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu Me esquecerei de teus filhos." Osé. 4:6. "Não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus na Terra. Só prevalecem o perjurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar, e há homicídios sobre homicídios." Osé. 4:1 e 2. Foram estes os resultados do banimento da Palavra de Deus.
Pouco a pouco, a princípio furtiva e silenciosamente, e depois mais às claras, à medida em que crescia em força e conquistava o domínio da mente das pessoas, o mistério da iniqüidade levou avante sua obra de engano e blasfêmia. Quase imperceptivelmente os costumes do paganismo tiveram ingresso na igreja cristã. O espírito de transigência e conformidade fora restringido durante algum tempo pelas terríveis perseguições que a igreja suportou sob o paganismo. Mas, em cessando a perseguição e entrando o cristianismo nas cortes e palácios dos reis, pôs ela de lado a humilde simplicidade de Cristo e Seus apóstolos, em troca da pompa e orgulho dos sacerdotes e governadores pagãos; e em lugar das ordenanças de Deus colocou teorias e tradições humanas. A conversão nominal de
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Constantino, na primeira parte do século IV, causou grande regozijo; e o mundo, sob o manto de justiça aparente, introduziu-se na igreja. Progredia rapidamente a obra de corrupção. O paganismo, conquanto parecesse suplantado, tornou-se o vencedor. Seu espírito dominava a igreja. Suas doutrinas, cerimônias e superstições incorporaram-se à fé e culto dos professos seguidores de Cristo.
Esta mútua transigência entre o paganismo e o cristianismo resultou no desenvolvimento do "homem do pecado", predito na profecia como se opondo a Deus e exaltando-se sobre Ele. Aquele gigantesco sistema de religião falsa é a obra-prima do poder de Satanás - monumento de seus esforços para sentar-se sobre o trono e governar a Terra segundo a sua vontade.
Uma vez Satanás se esforçou por estabelecer um compromisso mútuo com Cristo. Chegando-se ao Filho de Deus no deserto da tentação, e mostrando-Lhe todos os reinos do mundo e a glória dos mesmos, ofereceu-se a entregar tudo em Suas mãos se tão-somente reconhecesse a supremacia do príncipe das trevas. Cristo repreendeu o pretensioso tentador e obrigou-o a retirar-se. Mas Satanás obtém maior êxito em apresentar ao homem as mesmas tentações. Para conseguir proveitos e honras humanas, a igreja foi levada a buscar o favor e apoio dos grandes homens da Terra; e, havendo assim rejeitado a Cristo, foi induzida a prestar obediência ao representante de Satanás - o bispo de Roma.
Uma das principais doutrinas do romanismo é que o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo, investido de autoridade suprema sobre os bispos e pastores em todas as partes do mundo. Mais do que isto, tem-se dado ao papa os próprios títulos da Divindade. Tem sido intitulado: "Senhor Deus, o Papa", e foi declarado infalível. Exige ele a homenagem de todos os homens. A mesma pretensão em que insistia Satanás no deserto da tentação, ele ainda a encarece mediante a igreja de Roma, e enorme número de pessoas estão prontas para render-lhe homenagem.
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Mas os que temem e reverenciam a Deus enfrentam esta audaciosa presunção do mesmo modo porque Cristo enfrentou as solicitações do insidioso adversário: "Adorarás ao Senhor teu Deus, e a Ele somente servirás." Luc. 4:8. Deus jamais deu em Sua Palavra a mínima sugestão de que tivesse designado a algum homem para ser a cabeça da igreja. A doutrina da supremacia papal opõe-se diretamente aos ensinos das Escrituras Sagradas. O papa não pode ter poder algum sobre a igreja de Cristo, senão por usurpação.
Os romanistas têm persistido em acusar os protestantes de heresia e voluntária separação da verdadeira igreja. Semelhantes acusações, porém, aplicam-se antes a eles próprios. São eles os que depuseram a bandeira de Cristo, e se afastaram da "fé que uma vez foi dada aos santos". Jud. 3.
Satanás bem sabia que as Escrituras Sagradas habilitariam os homens a discernir seus enganos e resistir a seu poder. Foi pela Palavra que mesmo o Salvador do mundo resistiu a seus ataques. Em cada assalto Cristo apresentou o escudo da verdade eterna, dizendo: "Está escrito." A cada sugestão do adversário, opunha a sabedoria e poder da Palavra. A fim de Satanás manter o seu domínio sobre os homens e estabelecer a autoridade humana, deveria conservá-los na ignorância das Escrituras. A Bíblia exaltaria a Deus e colocaria o homem finito em sua verdadeira posição; portanto, suas sagradas verdades deveriam ser ocultadas e suprimidas. Esta lógica foi adotada pela Igreja de Roma. Durante séculos a circulação da Escritura foi proibida. Ao povo era vedado lê-la ou tê-la em casa, e sacerdotes e prelados sem escrúpulos interpretavam-lhe os ensinos de modo a favorecerem suas pretensões. Assim o chefe da igreja veio a ser quase universalmente reconhecido como o vigário de Deus na Terra, dotado de autoridade sobre a igreja e o Estado.
Suprimido o revelador do erro, agiu Satanás à vontade. A profecia declarara que o papado havia de cuidar "em mudar os tempos e a lei". Dan. 7:25. Para cumprir esta obra
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não foi vagaroso. A fim de proporcionar aos conversos do paganismo uma substituição à adoração de ídolos, e promover assim sua aceitação nominal do cristianismo, foi gradualmente introduzida no culto cristão a adoração das imagens e relíquias. O decreto de um concílio geral estabeleceu, por fim, este sistema de idolatria. Para completar a obra sacrílega, Roma pretendeu eliminar da lei de Deus, o segundo mandamento, que proíbe o culto das imagens, e dividir o décimo mandamento a fim de conservar o número deles.
Este espírito de concessão ao paganismo abriu caminho para desrespeito ainda maior da autoridade do Céu. Satanás, operando por meio de não consagrados dirigentes da igreja, intrometeu-se também com o quarto mandamento e tentou pôr de lado o antigo sábado, o dia que Deus tinha abençoado e santificado (Gên. 2:2 e 3), exaltando em seu lugar a festa observada pelos pagãos como "o venerável dia do Sol". Esta mudança não foi a princípio tentada abertamente. Nos primeiros séculos o verdadeiro sábado foi guardado por todos os cristãos. Eram estes ciosos da honra de Deus, e, crendo que Sua lei é imutável, zelosamente preservavam a santidade de seus preceitos. Mas com grande argúcia, Satanás operava mediante seus agentes para efetuar seu objetivo. Para que a atenção do povo pudesse ser chamada para o domingo, foi feito deste uma festividade em honra da ressurreição de Cristo. Atos religiosos eram nele realizados; era, porém, considerado como dia de recreio, sendo o sábado ainda observado como dia santificado.
A fim de preparar o caminho para a obra que intentava cumprir, Satanás induzira os judeus, antes do advento de Cristo, a sobrecarregarem o sábado com as mais rigorosas imposições, tornando sua observância um fardo. Agora, tirando vantagem da falsa luz sob a qual ele assim fizera com que fosse considerado, lançou o desdém sobre o sábado como instituição judaica. Enquanto os cristãos geralmente continuavam a observar o domingo como festividade prazenteira, ele os levou, a fim de
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mostrarem seu ódio ao judaísmo, a fazer do sábado dia de jejum, de tristeza e pesar.
Na primeira parte do século IV, o imperador Constantino promulgou um decreto fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano. O dia do Sol era venerado por seus súditos pagãos e honrado pelos cristãos; era política do imperador unir os interesses em conflito do paganismo e cristianismo. Com ele se empenharam para fazer isto os bispos da igreja, os quais, inspirados pela ambição e sede do poder, perceberam que, se o mesmo dia fosse observado tanto por cristãos como pagãos, promoveria a aceitação nominal do cristianismo pelos pagãos, e assim adiantaria o poderio e glória da igreja. Mas, conquanto muitos cristãos tementes a Deus fossem gradualmente levados a considerar o domingo como possuindo certo grau de santidade, ainda mantinham o verdadeiro sábado como o dia santo do Senhor, e observavam-no em obediência ao quarto mandamento.
O arquienganador não havia terminado a sua obra. Estava decidido a congregar o mundo cristão sob sua bandeira, e exercer o poder por intermédio de seu vigário, o orgulhoso pontífice que pretendia ser o representante de Cristo. Por meio de pagãos meio-convertidos, ambiciosos prelados e eclesiásticos amantes do mundo, realizou ele seu propósito. Celebravam-se de tempos em tempos vastos concílios aos quais do mundo todo concorriam os dignitários da igreja. Em quase todos os concílios o sábado que Deus havia instituído era rebaixado um pouco mais, enquanto o domingo era em idêntica proporção exaltado. Destarte a festividade pagã veio finalmente a ser honrada como instituição divina, ao mesmo tempo em que se declarava ser o sábado bíblico relíquia do judaísmo, amaldiçoando-se seus observadores.
O grande apóstata conseguira exaltar-se "contra tudo o que se chama Deus, ou se adora". II Tess. 2:4. Ousara mudar o único preceito da lei divina que inequivocamente indica a toda a humanidade o Deus verdadeiro e vivo. No quarto
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mandamento Deus é revelado como o Criador do céu e da Terra, e por isso Se distingue de todos os falsos deuses. Foi para memória da obra da criação que o sétimo dia foi santificado como dia de repouso para o homem. Destinava-se a conservar o Deus vivo sempre diante da mente humana como a fonte de todo ser e objeto de reverência e culto. Satanás esforça-se por desviar os homens de sua aliança para com Deus e de prestarem obediência à Sua lei; dirige Seus esforços, portanto, especialmente contra o mandamento que aponta a Deus como o Criador.
Os protestantes hoje insistem em que a ressurreição de Cristo no domingo fê-lo o sábado cristão. Não existe, porém, evidência escriturística para isto. Nenhuma honra semelhante foi conferida ao dia por Cristo ou Seus apóstolos. A observância do domingo como instituição cristã teve origem no "mistério da injustiça" (II Tess. 2:7) que, já no tempo de Paulo, começara a sua obra. Onde e quando adotou o Senhor este filho do papado? Que razão poderosa se poderá dar para uma mudança que as Escrituras não sancionam?
No século VI tornou-se o papado firmemente estabelecido. Fixou-se a sede de seu poderio na cidade imperial e declarou-se ser o bispo de Roma a cabeça de toda a igreja. O paganismo cedera lugar ao papado. O dragão dera à besta "o seu poder, e o seu trono, e grande poderio". Apoc. 13:2. E começaram então os 1.260 anos da opressão papal preditos nas profecias de Daniel e Apocalipse (Dan. 7:25; Apoc. 13:5-7). Os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e culto papais, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelo instrumento de tortura, pela fogueira, ou pela machadinha do verdugo. Cumpriam-se as palavras de Jesus: "E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa de Meu nome." Luc. 21:16 e 17.
Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior
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fúria do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim diz o profeta: "A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil e duzentos e sessenta dias." Apoc. 12:6.
O acesso da Igreja de Roma ao poder assinalou o início da escura Idade Média. Aumentando o seu poderio, mais se adensavam as trevas. De Cristo, o verdadeiro fundamento, transferiu-se a fé para o papa de Roma. Em vez de confiar no Filho de Deus para o perdão dos pecados e para a salvação eterna, o povo olhava para o papa e para os sacerdotes e prelados a quem delegava autoridade. Ensinava-se-lhe ser o papa seu mediador terrestre, e que ninguém poderia aproximar-se de Deus senão por seu intermédio; e mais ainda, que ele ficava para eles em lugar de Deus e deveria, portanto, ser implicitamente obedecido. Esquivar-se de suas disposições era motivo suficiente para se infligir a mais severa punição ao corpo e alma dos delinqüentes. Assim, a mente do povo desviava-se de Deus para homens falíveis e cruéis, e mais ainda, para o próprio príncipe das trevas que por meio deles exercia o seu poder. O pecado se disfarçava sob o manto de santidade. Quando as Escrituras são suprimidas e o homem vem a considerar-se supremo, só podemos esperar fraudes, engano e aviltante iniqüidade. Com a elevação das leis e tradições humanas, tornou-se manifesta a corrupção que sempre resulta de se pôr de lado a lei de Deus.
Dias de perigo foram aqueles para a igreja de Cristo. Os fiéis porta-estandartes eram na verdade poucos. Posto que a verdade não fosse deixada sem testemunhas, parecia, por vezes, que o erro e a superstição prevaleceriam completamente, e a verdadeira religião seria banida da Terra. Perdeu-se de vista o evangelho, mas multiplicaram-se as formas de religião, e o povo foi sobrecarregado de severas exigências.
Ensinava-se-lhes não somente a considerar o papa como seu mediador, mas a confiar em suas próprias obras para expiação do pecado. Longas peregrinações, atos de penitência,
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adoração de relíquias, ereção de igrejas, relicários e altares, bem como pagamento de grandes somas à igreja, tudo isto e muitos atos semelhantes eram ordenados para aplacar a ira de Deus ou assegurar o Seu favor, como se Deus fosse idêntico aos homens, encolerizando-Se por ninharias, ou apaziguando-Se com donativos ou atos de penitência!
Apesar de que prevalecesse o vício, mesmo entre os chefes da Igreja de Roma, sua influência parecia aumentar constantemente. Mais ou menos ao findar o século VIII, os romanistas começaram a sustentar que nas primeiras épocas da igreja os bispos de Roma tinham possuído o mesmo poder espiritual que assumiam agora. Para confirmar essa pretensão, era preciso empregar alguns meios com o fito de lhe dar aparência de autoridade; e isto foi prontamente sugerido pelo pai da mentira. Antigos escritos foram forjados pelos monges. Decretos de concílios de que antes nada se ouvira foram descobertos, estabelecendo a supremacia universal do papa desde os primeiros tempos. E a igreja que rejeitara a verdade, avidamente aceitou estes enganos.
Os poucos fiéis que construíram sobre o verdadeiro fundamento (I Cor. 3:10 e 11), ficaram perplexos e entravados quando o entulho das falsas doutrinas obstruiu a obra. Como os edificadores sobre o muro de Jerusalém no tempo de Neemias, alguns se prontificaram a dizer: "Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito e nós não podemos edificar o muro." Nee. 4:10. Cansados da constante luta contra a perseguição, fraude, iniqüidade e todos os outros obstáculos que Satanás pudera engendrar para deter-lhes o progresso, alguns que haviam sido fiéis edificadores, desanimaram; e por amor da paz e segurança de sua propriedade e vida, desviaram-se do verdadeiro fundamento. Outros, sem se intimidarem com a oposição de seus inimigos, intrepidamente declaravam: "Não os temais: lembrai-vos do Senhor grande e terrível" (Nee. 4:14); e prosseguiam com a obra, cada qual com a espada cingida ao lado (Efés. 1:17).
O mesmo espírito de ódio e oposição à verdade tem inspirado os inimigos de Deus em todos os tempos, e a mesma
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vigilância e fidelidade têm sido exigidas de Seus servos. As palavras de Cristo aos primeiros discípulos aplicam-se aos Seus seguidores até ao final do tempo: "E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai." Mar. 13:37.
As trevas pareciam tornar-se mais densas. Generalizou-se a adoração das imagens. Acendiam-se velas perante imagens e orações se lhes dirigiam. Prevaleciam os costumes mais absurdos e supersticiosos. O espírito dos homens era a tal ponto dirigido pela superstição que a razão mesma parecia haver perdido o domínio. Enquanto os próprios sacerdotes e bispos eram amantes do prazer, sensuais e corruptos, só se poderia esperar que o povo que os tinha como guias se submergisse na ignorância e vício.
Outro passo ainda deu a presunção papal quando, no século XI, o Papa Gregório VII proclamou a perfeição da Igreja de Roma. Entre as proposições por ele apresentadas uma havia declarando que a igreja nunca tinha errado, nem jamais erraria, segundo as Escrituras. Mas as provas escriturísticas não acompanhavam a afirmação. O altivo pontífice também pretendia o poder de depor imperadores; e declarou que sentença alguma que pronunciasse poderia ser revogada por quem quer que fosse, mas era prerrogativa sua revogar as decisões de todos os outros.
Uma flagrante ilustração do caráter tirânico do Papa Gregório VII se nos apresenta no modo por que tratou o imperador alemão Henrique IV. Por haver intentado desprezar a autoridade do papa, declarou-o este excomungado e destronado. Aterrorizado pela deserção e ameaças de seus próprios príncipes, que por mandado do papa eram incentivados na rebelião contra ele, Henrique pressentiu a necessidade de fazer as pazes com Roma. Em companhia da esposa e de um servo fiel, atravessou os Alpes em pleno inverno, a fim de humilhar-se perante o papa. Chegando ao castelo para onde Gregório se retirara, foi conduzido, sem seus guardas, a um pátio externo, e ali, no rigoroso frio do inverno, com a cabeça descoberta,
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descalço e miseravelmente vestido, esperou a permissão do papa a fim de ir à sua presença. O pontífice não se dignou de conceder-lhe perdão senão depois de haver ele permanecido três dias jejuando e fazendo confissão. Isso mesmo, apenas com a condição de que o imperador esperasse a sanção do papa antes de reassumir as insígnias ou exercer o poder da realeza. E Gregório, envaidecido com seu triunfo, jactava-se de que era seu dever abater o orgulho dos reis.
Quão notável é o contraste entre o orgulho deste altivo pontífice e a mansidão e a suavidade de Cristo, que representa a Si mesmo à porta do coração a rogar que seja ali admitido, a fim de poder entrar para levar perdão e paz, e que ensinou a Seus discípulos: "Qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo." Mat. 20:27.
Os séculos que se seguiram testemunharam aumento constante de erros nas doutrinas emanadas de Roma. Mesmo antes do estabelecimento do papado, os ensinos dos filósofos pagãos haviam recebido atenção e exercido influência na igreja. Muitos que se diziam conversos ainda se apegavam aos dogmas de sua filosofia pagã, e não somente continuaram no estudo desta, mas encareciam-no a outros como meio de estenderem sua influência entre os pagãos. Erros graves foram assim introduzidos na fé cristã. Destaca-se entre outros o da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da Virgem Maria. Disto também proveio a heresia do tormento eterno para os que morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à fé papal.
Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e empregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com esta heresia afirma-se a existência de um lugar de tormento, no qual as almas dos que não mereceram condenação eterna devem sofrer castigo por seus pecados,
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e do qual, quando libertas da impureza, são admitidas no Céu.
Ainda uma outra invencionice era necessária para habilitar Roma a aproveitar-se dos temores e vícios de seus adeptos. Esta foi suprida pela doutrina das indulgências. Completa remissão dos pecados, passados, presentes e futuros, e livramento de todas as dores e penas em que os pecados importam, eram prometidos a todos os que se alistassem nas guerras do pontífice para estender seu domínio temporal, castigar seus inimigos e exterminar os que ousassem negar-lhe a supremacia espiritual. Ensinava-se também ao povo que, pelo pagamento de dinheiro à igreja, poderia livrar-se do pecado e igualmente libertar as almas de seus amigos falecidos que estivessem condenados às chamas atormentadoras. Por esses meios Roma abarrotou os cofres e sustentou a magnificência, o luxo e os vícios dos pretensos representantes dAquele que não tinha onde reclinar a cabeça.
A ordenança escriturística da ceia do Senhor fora suplantada pelo idolátrico sacrifício da missa. Sacerdotes papais pretendiam, mediante esse disfarce destituído de sentido, converter o simples pão e vinho no verdadeiro "corpo e sangue de Cristo". - Conferências Sobre a "Presença Real", do Cardeal Wiseman. Com blasfema presunção pretendiam abertamente o poder de criarem Deus, o Criador de todas as coisas. Aos cristãos exigia-se, sob pena de morte, confessar sua fé nesta heresia horrível, que insulta ao Céu. Multidões que a isto se recusaram foram entregues às chamas.
No século XIII foi estabelecido a mais terrível de todas as armadilhas do papado - a inquisição. O príncipe das trevas trabalhava com os dirigentes da hierarquia papal. Em seus concílios secretos, Satanás e seus anjos dirigiam a mente de homens maus, enquanto, invisível entre eles, estava um anjo de Deus, fazendo o tremendo relatório de seus iníquos decretos e escrevendo a história de ações por demais horrorosas para serem desvendadas ao olhar humano. "A grande Babilônia" estava "embriagada do sangue dos santos." Os corpos mutilados de
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milhões de mártires pediam vingança a Deus contra o poder apóstata.
O papado se tornou o déspota do mundo. Reis e imperadores curvavam-se aos decretos do pontífice romano. O destino dos homens, tanto temporal como eterno, parecia estar sob seu domínio. Durante séculos as doutrinas de Roma tinham sido extensa e implicitamente recebidas, seus ritos reverentemente praticados, suas festas geralmente observadas. Seu clero era honrado e liberalmente mantido. Nunca a Igreja de Roma atingiu maior dignidade, magnificência ou poder.
Mas "o meio-dia do papado foi a meia-noite do mundo". - História do Protestantismo, de Wylie. As Sagradas Escrituras eram quase desconhecidas, não somente pelo povo mas pelos sacerdotes. Como os fariseus de outrora, os dirigentes papais odiavam a luz que revelaria os seus pecados. Removida a lei de Deus - a norma de justiça - exerciam eles poder sem limites e praticavam os vícios sem restrições. Prevaleciam a fraude, a avareza, a libertinagem. Os homens não recuavam de crime algum pelo qual pudessem adquirir riqueza ou posição. Os palácios dos papas e prelados eram cenários da mais vil devassidão. Alguns dos pontífices reinantes eram acusados de crimes tão revoltantes que os governadores seculares se esforçavam por depor esses dignitários da igreja como monstros demasiado vis para serem tolerados. Durante séculos a Europa não fez progresso no saber, nas artes ou na civilização. Uma paralisia moral e intelectual caíra sobre a cristandade.
A condição do mundo sob o poder romano apresentava o cumprimento terrível e surpreendente das palavras do profeta Oséias: "O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento, também Eu te rejeitarei, ... visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu Me esquecerei de teus filhos." Osé. 4:6. "Não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus na Terra. Só prevalecem o perjurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar, e há homicídios sobre homicídios." Osé. 4:1 e 2. Foram estes os resultados do banimento da Palavra de Deus.
SARDES
Apocalipse 3:1-6
3:1 Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete espíritos de Deus, e as estrelas: Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto.3:2 Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.
3:3 Lembra-te, portanto, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. Pois se não vigiares, virei como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.
3:4 Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram as suas vestes e comigo andarão vestidas de branco, porquanto são dignas.
3:5 O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
3:6 Quem tem ouvidos, ouça o que o espírito diz às igrejas
Sardes foi uma das cidades legendárias da Ásia Menor, onde hoje é a Turquia. No sétimo século a.C., Sardes foi a capital da Lídia. Ouro foi encontrado no rio próximo de Sardes e reis que moravam lá foram renomados por sua riqueza. Os persas capturaram Sardes no sexto século e fizeram dela um centro administrativo para a parte oeste do seu império. A famosa "estrada real" conectava Sardes com outras cidades do leste. Nos tempos do Novo Testamento, Sardes foi parte da província Romana da Ásia.
A deusa Ártemis era a principal divindade cultuada em Sardes, tanto como em Éfeso e outras cidades. Ártemis e seu irmão Apolo eram considerados filhos de Zeus e Leto. Nas legendas, Ártemis é sempre pintada como uma pura e virgem caçadora sempre destemida em oposição aos adversários. Como deusa da cidade, ela pode ter sido vista como a deusa mãe, uma provedora de fertilidade e responsável pelos nascimentos.
Nota: Sardes corresponde à igreja no século XVII e primeira parte do século XVIII, quando a verdade bíblica começou a abrir caminho por meio da pregação dos reformadores. Apocalipse 3:2 profetiza a tragédia vivida pelas igrejas que, após a morte de seus fundadores, deixaram morrer parte das verdades descobertas e pregadas pelos reformadores.
3:3 Lembra-te, portanto, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. Pois se não vigiares, virei como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.
3:4 Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram as suas vestes e comigo andarão vestidas de branco, porquanto são dignas.
3:5 O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
3:6 Quem tem ouvidos, ouça o que o espírito diz às igrejas
Sardes foi uma das cidades legendárias da Ásia Menor, onde hoje é a Turquia. No sétimo século a.C., Sardes foi a capital da Lídia. Ouro foi encontrado no rio próximo de Sardes e reis que moravam lá foram renomados por sua riqueza. Os persas capturaram Sardes no sexto século e fizeram dela um centro administrativo para a parte oeste do seu império. A famosa "estrada real" conectava Sardes com outras cidades do leste. Nos tempos do Novo Testamento, Sardes foi parte da província Romana da Ásia.
A deusa Ártemis era a principal divindade cultuada em Sardes, tanto como em Éfeso e outras cidades. Ártemis e seu irmão Apolo eram considerados filhos de Zeus e Leto. Nas legendas, Ártemis é sempre pintada como uma pura e virgem caçadora sempre destemida em oposição aos adversários. Como deusa da cidade, ela pode ter sido vista como a deusa mãe, uma provedora de fertilidade e responsável pelos nascimentos.
Nota: Sardes corresponde à igreja no século XVII e primeira parte do século XVIII, quando a verdade bíblica começou a abrir caminho por meio da pregação dos reformadores. Apocalipse 3:2 profetiza a tragédia vivida pelas igrejas que, após a morte de seus fundadores, deixaram morrer parte das verdades descobertas e pregadas pelos reformadores.
Ao pregar a doutrina do segundo advento, Guilherme Miller e seus companheiros haviam trabalhado com o único propósito de despertar os homens ao preparo para o juízo. Tinham procurado acordar os que professavam a religião, para a verdadeira esperança da igreja, e levá-los a sentir a necessidade de uma experiência cristã mais profunda; trabalhavam, também, para acordar os não-conversos ao dever de imediato arrependimento e conversão a Deus. "Não faziam tentativas para converter os homens a uma seita ou partido em matéria de religião. Daí o trabalharem entre todas as facções e seitas, sem interferências com sua organização ou disciplina." "Em todos os meus trabalhos", disse Miller, "nunca tive o desejo ou o pensamento de criar qualquer interesse separado do das denominações existentes, ou de beneficiar uma em detrimento de outra. Pensava em beneficiar a todas. Supondo que todos os cristãos se regozijassem com a perspectiva da vinda de Cristo, e que os que não viam as coisas como eu as via, não haveriam, por isso, de menosprezar os crentes nesta doutrina, não pensei em qualquer necessidade de reuniões separadas. Todo o meu objetivo se concentrava no desejo de converter almas a Deus, cientificar o mundo do juízo vindouro e induzir meus semelhantes a fazer o preparo de coração que os habilitaria a encontrar-se com seu Deus em paz. A grande maioria dos que se converteram pelos meus trabalhos, uniram-se às várias igrejas existentes." - Memórias de Guilherme Miller, Bliss. Pág. 376 Como sua obra tendia a edificar as igrejas, foi por algum tempo olhada com favor. Mas, decidindo-se os pastores e os dirigentes religiosos contra a doutrina da segunda vinda de Cristo, e desejando suprimir toda agitação a respeito, não somente se opuseram a ela, do púlpito, mas também negaram a seus membros o privilégio de assistir a pregações sobre o assunto, ou mesmo falar de tal esperança nas reuniões de oração da igreja. Assim, encontraram-se os crentes em grande provação e perplexidade. Amavam suas igrejas, e repugnava-lhes o separar-se delas; mas como vissem suprimido o testemunho da Palavra de Deus e negado o direito de pesquisar as profecias, compreenderam que a lealdade para com o Senhor lhes vedava a submissão. Não poderiam considerar os que procuravam excluir o testemunho da Palavra de Deus como constituindo a igreja de Cristo, "coluna e base da verdade". Daí o se sentirem justificados em desligar-se dessas congregações. No verão de 1844 aproximadamente cinqüenta mil se retiraram das igrejas. Por esse tempo, uma assinalada mudança se presenciou na maioria das igrejas dos Estados Unidos. Havia muitos anos se vinha verificando uma conformação cada vez maior, gradual mas constante, com as práticas e costumes do mundo, e bem assim um declínio correspondente na verdadeira vida espiritual; mas, naquele ano, evidenciou-se uma decadência súbita e notável em quase todas as igrejas do país. Se bem que ninguém parecesse capaz de indicar a causa, o fato em si mesmo era largamente notado e comentado, tanto pela imprensa como do púlpito. Numa reunião do presbitério de Filadélfia, o senhor Barnes, autor de um comentário largamente usado e pastor de uma das principais igrejas daquela cidade, "declarou que estava no ministério fazia vinte anos e nunca, até à última comunhão, tinha administrado a ordenança sem receber na igreja novos membros, ora mais ora menos. Agora, acrescentou, não há despertamento nem conversões, tampouco se evidencia crescimento em graça por parte dos que professam a religião, e ninguém chegava ao seu gabinete de estudo a fim de falar a respeito da Pág. 377 salvação da alma. Com o prosperar dos negócios e as brilhantes perspectivas do comércio e da indústria, aumentou o espírito de mundanismo. Isto se dá com todas as denominações". - Congregational Journal, de 23 de maio de 1844. No mês de fevereiro do mesmo ano, o Prof. Finney, do Colégio Oberlin, disse: "Temos tido perante o espírito o fato de que, em geral, as igrejas protestantes de nosso país são, como tais, ou apáticas ou hostis a quase todas as reformas morais da época. Há algumas exceções, todavia insuficientes para que isso deixe de ser geral. Nota-se, além disso, a falta quase universal de influência revivificadora nas igrejas. A apatia espiritual invade quase tudo, e é terrivelmente profunda; assim testifica a imprensa religiosa de todo o país. ... Quase que geralmente, os membros da igreja estão-se tornando seguidores da moda: dão mãos aos descrentes nas reuniões de prazer, nas danças, nas festas, etc. ... Mas não necessitamos de nos expandir neste assunto lastimável. Basta que as provas se intensifiquem e se abatam pesadamente sobre nós, para mostrar que as igrejas em geral se estão degenerando lamentavelmente. Elas se têm afastado muito do Senhor, que Se retirou delas. E um escritor, no Religious Telescope, testificou: "Nunca testemunhamos declínio religioso tão generalizado como no presente. Em verdade, a igreja deveria despertar e pesquisar a causa desta situação aflitiva; pois, como aflito é que deveria ser encarado este estado de coisas por todo aquele que ama a Sião. Quando nos lembramos de quão poucos e espaçados casos de verdadeira conversão existem, e da insolência e obstinação dos pecadores, quase sem precedentes, exclamamos como que involuntariamente: 'Esqueceu-Se Deus de ser misericordioso? ou está fechada a porta da graça?'" Semelhante condição nunca prevalece sem causa na própria igreja. As trevas espirituais que caem sobre as nações, igrejas e indivíduos, são devidas, não à retirada arbitrária do socorro da graça divina, por parte de Deus, mas à negligência ou rejeição da luz divina por parte dos homens. Exemplo Pág. 378 frisante desta verdade vê-se na história do povo judeu no tempo de Cristo. Pelo apego ao mundo e esquecimento de Deus e Sua Palavra, tornou-se-lhes obscurecido o entendimento, e o coração mundano e sensual. Daí estarem em ignorância quanto ao advento do Messias e, em seu orgulho e incredulidade, rejeitarem o Redentor. Mesmo assim, Deus não privou a nação judaica do conhecimento das bênçãos da salvação, ou de participar delas. Aqueles, porém, que rejeitaram a verdade, perderam todo o desejo do dom do Céu. Tinham "posto as trevas pela luz, e a luz pelas trevas", até que a luz que neles estava se tornou em trevas; e quão grandes eram as trevas! Convém à política de Satanás que os homens conservem as formas da religião, embora falte o espírito da piedade vital. Depois de terem rejeitado o evangelho, os judeus continuaram zelosamente a manter seus antigos ritos; preservavam com rigor o exclusivismo nacional, ao mesmo tempo em que não podiam deixar de admitir que a presença de Deus não mais era entre eles manifesta. A profecia de Daniel apontava tão insofismavelmente para o tempo da vinda do Messias, e tão diretamente lhes predizia Sua morte, que eles desanimavam o estudo dessa profecia, e finalmente os rabis pronunciaram a maldição sobre todos os que tentassem uma contagem do tempo. Em sua cegueira e impenitência, o povo de Israel tem permanecido, por mil e novecentos anos, indiferente ao misericordioso oferecimento de salvação, despreocupado das bênçãos do evangelho como solene e terrível advertência do perigo de rejeitar a luz do Céu. Onde quer que exista causa idêntica, os mesmos efeitos se seguirão. Aquele que deliberadamente abafa as convicções do dever, pelo fato de se achar este em conflito com as tendências pessoais, perderá finalmente a faculdade de discernir a verdade do erro. Obscurece-se o entendimento, a consciência se torna calejada, o coração endurecido, e a alma se separa de Deus. Onde a mensagem da verdade divina é desdenhada e tratada levianamente, ali a igreja se envolve em trevas; esfriam a fé e o amor; entram a separação e a discórdia. Os membros da igreja centralizam seus interesses e energias em empreendimentos mundanos, e os pecadores se tornam endurecidos em sua impenitência. A mensagem do primeiro anjo de Apocalipse 14, anunciando a hora do juízo de Deus e apelando para os homens a fim de O temer e adorar, estava destinada a separar o povo professo de Deus das influências corruptoras do mundo, e despertá-lo a fim de ver seu verdadeiro estado de mundanismo e apostasia. Deus enviou à igreja, nesta mensagem, uma advertência que, se fosse aceita, teria corrigido os males que a estavam apartando dEle. Houvessem os homens recebido a mensagem do Céu, humilhando o coração perante o Senhor, buscando com sinceridade o preparo para estar em pé em Sua presença, o Espírito e poder de Deus ter-se-iam manifestado entre eles. A igreja de novo teria atingido o bendito estado de unidade, fé e amor, que houve nos dias apostólicos, em que "era um o coração e a alma" dos crentes, e "anunciavam com ousadia a Palavra de Deus", dias em que "acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar". Atos 4:32 e 31; 2:47. Recebesse o professo povo de Deus a luz tal como lhe refulge da Sua Palavra, e alcançaria a unidade por que Cristo orou, a qual o apóstolo descreve como "a unidade do Espírito pelo vínculo da paz." "Há", diz ele, "um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo." Efés. 4:3-5. Foram estes os benditos resultados fruídos pelos que aceitaram a mensagem adventista. Vieram de denominações várias, e as barreiras denominacionais foram arremessadas ao chão; credos em conflito eram reduzidos a átomos; a esperança de um milênio terreal, em desacordo com a Escritura Sagrada, foi posta de lado e corrigidas opiniões falsas sobre o segundo advento; varridos o orgulho e a conformação ao mundo; repararam-se injustiças; os corações se uniram na mais doce comunhão, e o amor e a alegria reinaram supremos. Se esta Pág. 380 doutrina fez isto pelos poucos que a receberam, o mesmo teria feito a todos, se todos a houvessem recebido. Mas as igrejas, em geral, não aceitaram a advertência. Os pastores, que, como "vigias sobre a casa de Israel", deveriam ter sido os primeiros a discernir os sinais da vinda de Jesus, não quiseram saber a verdade, quer pelo testemunho dos profetas, quer pelos sinais dos tempos. À medida que as esperanças e ambições mundanas lhes encheram o coração, arrefeceram o amor para com Deus e a fé em Sua Palavra; e, quando a doutrina do advento era apresentada, apenas suscitava preconceito e descrença. O fato de ser a mensagem em grande parte pregada por leigos, era insistentemente apresentado como argumento contra a mesma. Como na antiguidade, ao claro testemunho da Palavra de Deus opunha-se a indagação: "Têm crido alguns dos príncipes ou dos fariseus?" E vendo quão difícil tarefa era refutar os argumentos aduzidos dos períodos proféticos, muitos desanimavam o estudo das profecias, ensinando que os livros proféticos estavam selados, e não deveriam ser compreendidos. Multidões, confiando implicitamente nos pastores, recusaram-se a ouvir a advertência; e outros, ainda que convictos da verdade, não ousavam confessá-la para não serem "expulsos da sinagoga". A mensagem que Deus enviara para provar e purificar a igreja revelou com muita evidência quão grande era o número dos que haviam posto a afeição neste mundo ao invés de em Cristo. Os laços que os ligavam à Terra, mostravam-se mais fortes do que as atrações ao Céu. Preferiam ouvir a voz da sabedoria mundana, e desviavam-se da probante mensagem da verdade. Rejeitando a advertência do primeiro anjo, desprezaram os meios que o Céu provera para a sua restauração. Desacataram o mensageiro de graça que teria corrigido os males que os separavam de Deus, e com maior avidez volveram à busca da amizade do mundo. Eis aí a causa da terrível condição de mundanismo, apostasia e morte espiritual, que prevalecia nas igrejas em 1844. FILADELFIAApocalipse 3:7-133:7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre:3:8 Conheço as tuas obras (eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar), que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. 3:9 Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem, - eis que farei que venham, e adorem prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo. 3:10 Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra. 3:11 Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. 3:12 A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome. 3:13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Filadélfia fica num vale aos pés de um platô montanhoso. A parte de baixo e escura, no centro da imagem, mostra a área da antiga cidade. Os reis de Pérgamo fundaram Filadélfia como um posto avançado do seu Reino no segundo século a.C. A cidade estava localizada ao longo de uma importante estrada de viagem que ligava Pérgamo ao norte com Laodicéia ao sul. Nos tempos do novo testamento, Filadélfia fazia parte da província Romana da Ásia. A cidade foi devastada por um terremoto em 17 d.C. e por um tempo as pessoas viveram com medo de tremores. Filadélfia foi reconstruída com ajuda do imperador Tibério. Uma inscrição encontrada em Filadélfia menciona diversos deuses e deusas. Zeus, o chefe dos deuses, foi dito que mandou o povo ser puro, não praticar o engano, assassinato, roubo, adultério e outros tipos de mal. Havia um altar para Hestia, a deusa do coração e do lar. A inscrição também menciona deuses salvadores, incluindo Boa Fortuna, Virtude, Saúde e outras deidades. Nota: Filadélfia, que quer dizer amor fraternal, representa a última parte do século XVIII e a primeira do século XIX, com o nascimento da expansão missionária e a organização das Sociedades Bíblicas. Começa a estudar-se Daniel e Apocalipse e surgem os maiores reavivamentos da História. Na parábola de Mateus 25, o tempo de espera e sono é seguido pela vinda do Esposo. Isto concordava com os argumentos que acabam de ser apresentados, tanto da profecia como dos símbolos. Produziram profunda convicção quanto à sua veracidade; e o "clamor da meia-noite" foi proclamado por milhares de crentes. Semelhante à vaga da maré, o movimento alastrou-se pelo país. Foi de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, e para os lugares distantes, no interior, até que o expectante povo de Deus ficou completamente desperto. Desapareceu o fanatismo ante essa proclamação, como a geada matutina perante o Sol a erguer-se. Viram os crentes suas dúvidas e perplexidades removidas, e a esperança e coragem animaram-lhes o coração. A obra estava livre dos exageros que sempre se manifestam quando há arrebatamento humano sem a influência moderadora da Palavra e do Espírito de Deus. Assemelhava-se, no caráter, aos períodos de humilhação e regresso ao Senhor que, entre o antigo Israel, se seguiam a mensagens de advertência por parte de Seus servos. Teve as características que distinguem a obra de Deus em todas as épocas. Houve pouca alegria arrebatadora, porém mais profundo exame de coração, confissão de pecados e abandono do mundo. O preparo para Pág. 401 encontrar o Senhor era a grave preocupação do espírito em agonia. Havia perseverante oração e consagração a Deus, sem reservas. Dizia Miller, ao descrever aquela obra: "Nenhuma grande expressão de alegria existe: esta se acha, por assim dizer, reservada para uma ocasião futura, em que todo o Céu e a Terra se regozijarão, juntamente, com indizível gozo cheio de glória. Não há aclamações: estas também estão reservadas para as aclamações do Céu. Os cantores estão em silêncio: esperam para se unir às hostes angélicas, o coro celestial. ... Não há divergência de sentimentos: todos são de um mesmo coração e espírito." - Bliss. Outro participante do movimento testificou: "Produziu por toda parte o mais profundo exame de coração e humilhação da alma perante o Deus dos Céus. Resultou em desapego das coisas deste mundo, afastamento de controvérsias e animosidades, confissão de faltas, em contrição perante Deus, e súplicas, de coração arrependido e quebrantado, para que o Senhor lhes perdoasse e os aceitasse. Causou humilhação pessoal e contrição da alma, tais como nunca dantes testemunhamos. Conforme Deus ordenara por meio de Joel, para quando o grande dia do Senhor estivesse próximo, produziu o rasgar de corações e não do vestuário, a conversão ao Senhor em jejum, pranto e lamentações. Conforme dissera Deus por Zacarias, sobre os Seus filhos foi derramado um espírito de graça e súplica; eles olharam para Aquele a quem haviam ferido, houve grande pranto na Terra, ... e os que esperavam pelo Senhor afligiram a alma perante Ele." - Bliss. De todos os grandes movimentos religiosos desde os dias dos apóstolos, nenhum foi mais livre de imperfeições humanas e dos enganos de Satanás do que o do outono de 1844. Mesmo hoje, depois de transcorridos muitos anos, todos os que participaram do movimento e que permanecem firmes na plataforma da verdade, ainda sentem a santa influência daquela obra abençoada, e dão testemunho de que ela foi de Deus. Pág. 402 Ao brado: "Aí vem o Esposo; saí-Lhe ao encontro", os expectantes "se levantaram, e repararam as suas lâmpadas"; estudavam a Palavra de Deus com interesse mais intenso do que nunca. Eram enviados anjos do Céu para despertar os que se haviam desanimado e prepará-los para receber a mensagem. A obra não se mantinha pela ciência e saber dos homens, mas pelo poder de Deus. Não foram os mais talentosos os primeiros a ouvir e obedecer à chamada, mas os mais humildes e dedicados. Lavradores deixaram as colheitas nos campos, mecânicos depuseram as ferramentas, e com lágrimas e regozijo saíram a dar a advertência. Os que anteriormente haviam dirigido a causa foram dos últimos a unir-se a este movimento. As igrejas, em geral, fecharam as portas a esta mensagem, e numeroso grupo dos que a receberam cortou sua ligação com elas. Na providência de Deus, esta proclamação se uniu com a mensagem do segundo anjo, conferindo poder à obra. A mensagem: "Aí vem o Esposo" - não era tanto uma questão de argumento, se bem que a prova das Escrituras fosse clara e conclusiva. Ia com ela um poder impulsor que movia a alma. Não havia discussão nem dúvidas. Por ocasião da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, o povo que de todas as partes do país se congregara a fim de solenizar a festa, foi em tropel ao Monte das Oliveiras, e, unindo-se à multidão que acompanhava a Jesus, deixou-se tomar pela inspiração do momento e ajudaram a avolumar a aclamação: "Bendito O que vem em nome do Senhor." Mat. 21:9. De modo semelhante, os incrédulos que se congregaram nas reuniões adventistas - alguns por curiosidade, outros meramente com o fim de ridicularizar - sentiram o poder convincente que acompanhava a mensagem: "Aí vem o Esposo." Naquele tempo houve fé que atraía resposta à oração - fé que tinha em vista a recompensa. Como aguaceiros sobre a terra sedenta, o espírito de graça descia aos que ardorosamente o buscavam. Os que esperavam em breve estar face a face com seu Redentor, sentiram uma solene e inexprimível Pág. 403 alegria. O poder enternecedor do Espírito Santo conferiu aos fiéis rica medida de bênçãos, sensibilizando-lhes o coração. Cuidadosa e solenemente os que receberam a mensagem chegaram ao tempo em que esperavam encontrar-se com o Senhor. Sentiam como primeiro dever, cada manhã, obter a certeza de estar aceitos por Deus. De corações intimamente unidos, oravam muito uns com os outros e uns pelos outros. A fim de ter comunhão com Deus, reuniam-se muitas vezes em lugares isolados, e dos campos ou dos bosques as vozes de intercessão ascendiam ao Céu. A certeza da aprovação do Salvador era-lhes mais indispensável do que o pão cotidiano; e, se alguma nuvem lhes toldava o espírito, não descansavam enquanto não fosse dissipada. Sentindo o testemunho da graça perdoadora, almejavam contemplar Aquele que de sua alma era amado. LAODICEIAApocalipse 3:14-223:14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o pricípio da criação de Deus: 3:15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! 3:16 Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. 3:17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; 3:18 aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas. 3:19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. 3:20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. 3:21 Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono. 3:22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Laodicéia fica no principal cruzamento de estradas dos vales da Ásia Menor, no que é hoje a Turquia. A cidade estava situada numa montanha que dava para um vale fértil e majestosas montanhas. Nos tempos romanos, a cidade era um importante centro de administração e comércio. As questões de justiça da região eram ouvidas em Laodicéia e fundos eram depositados nos bancos da cidade para segurança. Embora danificada por terremotos durante o reino de Augusto (27 a.C. - 14 d.C.) e novamente em 60 d.C, a cidade continuou reconstruindo e prosperando. Laodicéia estava localizada próximo ao templo do Deus Men Karou, que era considerado Deus e pai de seu povo. Uma famosa escola de medicina estava conectada com o templo. Nos tempos de Roma, Men Karou foi identificado com Zeus, o maior deus dos gregos. O deus de Laodicéia é mostrado em roupa greco-romana na imagem ao lado. Laodicéia era uma das três cidades próximas que tinham comunidades cristãs. O grupo de Laodicéia incluía alguns que se reuniam na casa de uma mulher chamada Ninfa. (Col 4:13-15). Ao longo do vale também havia cristãos em Hierápolis. Mais abaixo do vale havia os cristãos de Colossos. Em meados do primeiro século o companheiro de Paulo, Epafras, trabalhou com congregações nas três cidades. Cartas enviadas a uma congregação eram lidas nas três. Essa troca de cartas mostra como as cartas encontradas no Novo Testamento eram colecionadas (Col 4:12-16). No final do primeiro século, o Apocalipse desaprova a congregação de Laodicéia por ser complacente com sua prosperidade (Apoc. 3:14-22). Em séculos subseqüentes a igreja cresceu em Laodicéia e uma importante assembléia da igreja foi sediada ali no quarto século. Nota: : Apesar da triste condição de auto-suficiéncia e miséria espiritual de Laodicéia, Deus continua a amá-la; não tolera seus erros, mas lhe dirige os conselhos mais comovedores e inclusive faz o mais terno oferecimento: entrar em comunhão íntima, se Lhe abrirmos o coração. Apocalipse 3:20. A mensagem à igreja de Laodicéia é uma impressionante acusação, e é aplicável ao povo de Deus no tempo presente. "E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Apoc. 3:14-17. O Senhor nos mostra aqui que a mensagem a ser apresentada a Seu povo pelos pastores a quem Ele chamou para adverti-lo, não é uma mensagem de paz e segurança. Não é meramente teórica, mas prática em todo particular. O povo de Deus é representado na mensagem aos laodiceanos como em uma posição de segurança carnal. Estão a gosto, acreditando-se em exaltada condição de realizações espirituais. "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Que maior ilusão pode sobrevir ao espírito humano que a confiança de se acharem justos, quando estão totalmente errados! A mensagem da Testemunha Verdadeira encontra o povo de Deus em triste engano, todavia sinceros em seu engano. Não sabem que sua condição é deplorável aos olhos de Deus. Ao passo que aqueles a quem se dirige se lisonjeiam de achar-se em exaltada condição espiritual, a mensagem da Testemunha Verdadeira derriba-lhes a segurança, com a assustadora Pág. 328 acusação de seu verdadeiro estado de cegueira, pobreza e miséria espiritual. O testemunho, tão incisivo e severo, não pode ser um engano, pois é a Testemunha Verdadeira que fala, e Seu Testemunho tem de ser correto. Difícil é aos que se acham seguros em suas realizações, e que se acreditam ricos em conhecimento espiritual, receber a mensagem que declara acharem-se enganados e necessitados de todas as graças espirituais. O coração não santificado é "enganoso... mais do que todas as coisas, e perverso". Jer. 17:9. Vi que muitos se estão lisonjeando de ser bons cristãos, os quais não têm um raio de luz de Cristo. Não têm por si mesmos uma viva experiência na vida religiosa. Necessitam de profunda e completa obra de humilhação de si mesmos diante de Deus, antes de experimentarem sua verdadeira necessidade de diligente, perseverante esforço para obter as preciosas graças do Espírito. Deus guia Seu povo passo a passo avante. A vida cristã é uma contínua batalha, marcha contínua. Não há descanso dessa luta. É por meio de constante, incessante esforço, que mantemos a vitória sobre as tentações de Satanás. Estamos, como um povo, triunfando na clareza e força da verdade. Somos plenamente sustidos em nossos pontos de fé por avassaladora quantidade de claros testemunhos escriturísticos. Carecemos muito, porém, da humildade, paciência, fé, amor e abnegação, vigilância e espírito de sacrifício bíblicos. Precisamos cultivar a santidade da Bíblia. O pecado domina entre o povo de Deus. A positiva mensagem de repreensão aos laodiceanos não é acatada. Muitos se apegam a suas dúvidas e a seus pecados acariciados, enquanto se encontram em tão grande engano que dizem e sentem que não necessitam de nada. Pensam que não é necessário o testemunho do Espírito de Deus em reprovação, ou que não se refere a eles. Esses estão na maior necessidade da graça de Deus e de discernimento espiritual, para que descubram sua deficiência no conhecimento das coisas do espírito. Faltam-lhes quase todos os requisitos necessários ao aperfeiçoamento do caráter cristão. Não têm um conhecimento Pág. 329 prático da verdade bíblica, que leva à humildade de vida, e à conformidade de seu querer com a vontade de Cristo. Não estão vivendo em obediência a todos os reclamos divinos. Não basta meramente professar a verdade. Todos os soldados da cruz de Cristo obrigam-se virtualmente a entrar na cruzada contra o adversário das almas, para condenar o erro e sustentar a justiça. A mensagem da Testemunha Verdadeira, porém, revela que terrível engano pesa sobre nosso povo, o que torna necessário dirigir-lhe advertências, para o despertar da modorra espiritual, e o estimular para uma ação decidida. Em minha última visão, vi que mesmo esta decidida mensagem da Testemunha Verdadeira não cumpriu o desígnio de Deus. O povo continua a modorrar em seus pecados. Continuam a se dizer ricos, e que não necessitam de nada. Muitos indagam: Por que são feitas tantas reprovações? Por que nos acusam continuamente os Testemunhos de desvios da fé e de ofensivos pecados? Nós amamos a verdade; estamos prosperando; não temos necessidade desses testemunhos de advertência e reprovação. Examinem, porém, esses queixosos o próprio coração, e comparem sua vida com os ensinos práticos da Bíblia, humilhem a alma diante de Deus, deixem que a graça divina lhes ilumine as trevas, e as escamas lhes cairão dos olhos, e compreenderão sua verdadeira pobreza e miséria espiritual. Sentirão a necessidade de comprar ouro, que é a fé e o amor puros; vestidos brancos, que é um caráter imaculado, purificado pelo sangue de seu querido Redentor; e colírio, a graça de Deus, a qual lhes dará claro discernimento das coisas espirituais, e indicará o pecado. Essas realizações são mais preciosas que o ouro de Ofir. A Causa da Cegueira Espiritual Foi-me mostrado que a maior causa de o povo de Deus se achar agora nesse estado de cegueira espiritual, é o não receberem a correção. Muitos têm desprezado as reprovações e advertências que lhes foram feitas. A Testemunha Verdadeira condena o estado morno do povo de Deus, o qual dá a Satanás Pág. 330 grande poder sobre eles, neste tempo de espera e vigilância. Os egoístas, os orgulhosos, e os amantes do pecado são sempre assaltados por dúvidas. Satanás tem a habilidade de sugerir dúvidas e suscitar objeções aos incisivos testemunhos enviados por Deus, e muitos julgam ser uma virtude, um sinal de inteligência de sua parte, ser incrédulos, questionar e sofismar. Os que desejam duvidar terão suficiente margem para isto. Deus não Se propõe a remover toda ocasião para incredulidade. Ele dá provas que devem ser cuidadosamente estudadas com espírito humilde e dócil, e todos devem decidir em face do peso da evidência. A vida eterna é de infinito valor, e custar-nos-á tudo quanto possuímos. Foi-me mostrado que não damos o devido valor às coisas eternas. Tudo quanto vale a pena possuir-se, mesmo neste mundo, tem de ser conseguido com esforço, com os mais penosos sacrifícios às vezes. E tudo isto simplesmente para obter um tesouro perecível. Seremos menos voluntários para resistir às lutas e fadigas, para fazer diligentes esforços e grandes sacrifícios a fim de alcançar um tesouro de imenso valor, uma vida que se prolongará como a do Infinito? Custar-nos-á o Céu demasiado? A fé e o amor são áureos tesouros, elementos de que há grande carência entre o povo de Deus. Foi-me mostrado que a incredulidade nos testemunhos de advertência, animação e reprovação, está afugentando a luz do povo de Deus. A incredulidade fecha-lhes os olhos, de modo que se acham ignorantes de sua verdadeira condição. A Testemunha Verdadeira assim descreve a cegueira deles: "E não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Apoc. 3:17. Está-se desvanecendo a fé na próxima vinda de Cristo. "Meu Senhor tarde virá", não se diz apenas no coração, mas exprime-se também em palavras e ainda mais decididamente nas obras. A insensatez, neste tempo de espera, está embotando os sentidos do povo de Deus quanto aos sinais dos tempos. A terrível iniqüidade que predomina requer a máxima diligência e o testemunho vivo, a fim de manter o pecado excluído da Pág. 331 igreja. A fé tem estado a decrescer assustadoramente, e só mediante o exercício pode ela aumentar. No surgimento da terceira mensagem angélica, os que se empenhavam na obra de Deus tinham alguma coisa a arriscar; tinham sacrifícios a fazer. Começaram esta obra em pobreza, e sofreram as maiores privações e dificuldades. Enfrentaram decidida oposição, o que os impelia para Deus em sua necessidade, e mantinham viva sua fé. Nosso plano atual de doação sistemática, mantém amplamente nossos pastores e não há falta, nem necessidade do exercício da fé quanto à manutenção. Os que hoje iniciam a pregação da verdade nada têm a pôr em perigo. Não correm riscos, não têm sacrifícios especiais a fazer. O sistema da verdade acha-se pronto ao seu dispor, e as publicações lhes são fornecidas para vindicação das verdades que promovem. Alguns rapazes começam sem ter um senso real do exaltado caráter da obra. Não têm de enfrentar privações, vicissitudes ou renhidos conflitos, que exigiriam o exercício da fé. Não cultivam a abnegação, nem nutrem o espírito de sacrifício. Alguns se estão tornando orgulhosos e envaidecidos e não sentem real preocupação pela obra que pesa sobre eles. A Testemunha Verdadeira fala a esses ministros: "Sê pois zeloso e arrepende-te." Apoc. 3:19. Alguns deles acham-se tão exaltados pelo orgulho, que são positivo estorvo e maldição à preciosa causa de Deus. Não exercem sobre os outros uma influência salvadora. Esses homens precisam converter-se cabalmente a Deus, eles próprios, e ser santificados pelas verdades que apresentam aos outros. Incisivos Testemunhos na Igreja Muitos se sentem impacientes e suspeitosos por serem freqüentemente perturbados com advertências e reprovações que Pág. 332 lhes mantêm sempre diante dos olhos os próprios pecados. Diz a Testemunha Verdadeira: "Eu sei as tuas obras." Apoc. 3:15. Os motivos, os desígnios, a incredulidade, as suspeitas e ciúmes podem ser ocultos dos homens, mas não de Cristo. A Testemunha Verdadeira vem como conselheiro: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apoc. 3:18-21. Os que são repreendidos pelo Espírito de Deus não devem insurgir-se contra o humilde instrumento. É Deus, e não um falível mortal, que falou para salvá-los da ruína. Os que desprezam a advertência serão deixados na cegueira, para se iludirem a si mesmos. Mas os que lhe dão ouvidos, empenhando-se zelosamente na obra de afastar de si os seus pecados, a fim de terem as graças necessárias, abrirão a porta do coração para que o querido Salvador entre e com eles habite. Essa classe de pessoas, sempre a encontrareis em harmonia perfeita com o testemunho do Espírito de Deus. Os pastores que pregam a verdade presente não devem negligenciar a solene mensagem dirigida aos laodiceanos. O testemunho da Testemunha Verdadeira não é uma suave mensagem. O Senhor não lhes diz: Estás mais ou menos bem; tens sofrido castigos e reprovações que nunca mereceste; tens ficado desnecessariamente desanimado pela severidade; não és culpado das injustiças e pecados por que tens sido reprovado. A Testemunha Verdadeira declara que, quando vos julgais numa situação realmente boa de prosperidade, necessitais de tudo. Não basta aos pastores apresentarem assuntos teóricos; cumpre-lhes apresentar também os que são práticos. Precisam estudar as lições práticas dadas por Cristo aos discípulos, e Pág. 333 fazer íntima aplicação das mesmas a sua própria alma e ao povo. Por Cristo dar este testemunho de reprovação, havemos de supor que Ele seja destituído de terno amor para com Seu povo? Oh, não! Aquele que morreu para redimir o homem da morte, ama com um amor divino, e àqueles a quem ama, repreende. "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo." Apoc. 3:19. Muitos, porém, não receberão a mensagem que, em misericórdia, o Céu lhes envia. Não podem suportar que lhes seja apresentada sua negligência do dever, seus erros, seu egoísmo, orgulho e amor do mundo. Perigos dos Últimos Dias Vivemos num importante, soleníssimo tempo da história terrestre. Achamo-nos entre os perigos dos últimos dias. Importantes e tremendos acontecimentos se acham diante de nós. Quão necessário é que todos os que temem a Deus e amam Sua lei, se humilhem diante dEle, e se aflijam e pranteiem, e confessem os pecados que têm separado Deus de Seu povo! O que deve suscitar o maior alarme, é que não sentimos nem compreendemos nossa condição, nosso baixo estado, e satisfazemo-nos de permanecer como estamos. Devemos refugiar-nos na Palavra de Deus e na oração, buscando individual e fervorosamente ao Senhor, para que O possamos achar. Cumpre-nos fazer disto nossa primeira ocupação. Testimonies, vol. 3, pág. 53, 1872. | |
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